As empresas responsáveis pelos ônibus das linhas convencionais em Belo Horizonte já deixaram de receber R$ 5 milhões em menos de dois meses. Além da precariedade dos veículos, o descumprimento do quadro de horários e a redução das viagens estão entre as principais irregularidades punidas com redução dos repasses. Mais do que desfalcar o caixa das concessionárias, as falhas impactam diretamente na vida dos passageiros, que convivem com longas esperas no ponto, atrasos e lotação.
Desde julho, após o acordo para o subsídio de meio bilhão de reais aos consórcios, a fiscalização no transporte público foi intensificada na capital. O novo regime de remuneração é por quilômetro rodado. Até o momento, foram pagos R$ 71 milhões.
Cinco relatórios já foram gerados. O último considera as vistorias feitas de 21 a 31 de agosto. Durante os 10 dias, os veículos deveriam ter rodado 4,7 milhões de quilômetros pelas vias da cidade. No entanto, foram 4,3 milhões de km – 91% do previsto. Sem alcançar a meta, dos R$ 16,7 milhões a serem repassados, foram disponibilizados R$ 15,3 milhões. Ajustes foram feitos em 17 linhas.
Há duas semanas, o Hoje em Dia mostrou que o transporte público de BH já acumulava quase 2 mil autuações – média de 46 por dia, ou praticamente duas a cada hora. Atrasos nas viagens, portas danificadas, setas com defeito, bancos quebrados e elevadores inoperantes estão entre as principais irregularidades constatadas após o reforço na fiscalização.
Para os passageiros, a redução nos repasses praticamente não afeta as empresas, prejudicando apenas quem utiliza os coletivos. “As únicas vítimas somos nós. A sociedade precisa entender que as pessoas andam de ônibus porque são obrigadas. Quem tem qualquer alternativa, seja andar a pé, de bicicleta, carro ou Uber, não desperdiça”, afirma o presidente da Associação dos Usuários de Transporte Coletivo (AUTC) de Belo Horizonte, Francisco de Assis Maciel.
No terceiro mandato à frente da AUTC, Francisco de Assis avalia que o transporte público em BH ainda não melhorou após o acordo para o repasse do subsídio. Segundo ele, as pessoas seguem enfrentando veículos lotados e em más condições. “Nem o básico, como o ar-condicionado, é oferecido”. Para ele, a fiscalização precisa ser intensificada. “Ainda é muito falha, prova disso são os riscos os usuários. Os acidentes envolvendo ônibus aumentaram”.
Por nota, a BHTrans informou que irá avaliar o desempenho das receitas e dos custos, com o objetivo de apurar a existência de déficit ou superávit após o pagamento do subsídio vigente. “O montante apurado será computado nas projeções do exercício seguinte para mais ou para menos, conforme o caso”.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH) não se pronunciou até o fechamento desta edição. Anteriormente, já havia informado que as empresas têm trabalhado na “potência máxima”, além de cobrarem mais faixas exclusivas para garantir o cumprimento dos horários e do número de viagens.
Informações: Hoje em Dia
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