A gestão Fernando Haddad (PT) pretende cortar cerca de 1,8 mil ônibus usados no transporte coletivo de São Paulo com a nova licitação para o setor. O projeto, que tem mais de mil páginas e foi detalhado na quinta-feira, prevê que o total de coletivos em circulação na cidade deve cair dos atuais 14.812 para 13.016 veículos.
Apenas 693 das 1.390 linhas existentes em São Paulo serão mantidas. Parte das demais terá o itinerário alterado e 148 linhas, quase 10% do total, serão extintas com a mudança. Entre as 1.242 linhas que a cidade passará a ter, entre novas e alteradas, 151 vão funcionar apenas na Rede Noturna - que já vem operando desde o começo do ano, em testes.
A Prefeitura argumenta que a redução dos ônibus será compensada por um aumento da quantidade de viagens que serão feitas por coletivo. Hoje, segundo a São Paulo Transporte (SPTrans), são realizadas diariamente 186,3 mil viagens. A nova licitação prevê que o número subirá 17%, para 217,8 mil viagens por dia.
O presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindimotoristas), Valdevan Noventa, afirma que vai buscar ajuda no Ministério Público Estadual (MPE) para barrar os planos da Prefeitura.
"Esses quase dois mil ônibus a menos representam quase 10 mil empregos que serão perdidos", argumenta o sindicalista. "A população sabe como os ônibus demoram e são superlotados. Não há como reduzir o número de coletivos na cidade", afirma ele.
Custos
O edital prevê que as empresas vencedoras da licitação terão de investir R$ 430 milhões em um Centro de Controle Operacional (CCO) para gerenciar toda a operação dos ônibus. O investimento terá de ser feito em dois anos. Segundo a Prefeitura, a partir desse CCO será feito o controle da frota, de forma a permitir o aumento das viagens. Há ainda previsão de investimentos, também em até dois anos, de R$ 174 milhões na chamada "tecnologia embarcada" - os sistemas de GPS e de validadores do bilhete único dos coletivos.
Todos os veículos da cidade deverão ter Wi-Fi grátis para os passageiros e ar condicionado, como a Prefeitura já havia anunciado.
Além dos investimentos, os empresários terão de colocar em suas contas o custo mensal somado de R$ 1,8 milhão que a Prefeitura vai cobrar de aluguel das garagens de ônibus. A administração municipal já havia anunciado a desapropriação das garagens dos atuais operadores do sistema porque, na avaliação da Secretaria Municipal de Transportes, a posse desses terrenos era uma vantagem que empresários de fora da cidade não teriam caso entrassem na disputa.
Representantes dos empresários procurados pela reportagem na quinta-feira disseram que ainda estavam avaliando as regras da concorrência pública. Já antigos perueiros, agora também empresários, queixaram-se das normas, que, para eles, dificultam as chances de pequenas empresas do setor em participar do certame. Essa divisão, segundo a Prefeitura, foi feita para organizar melhor o expediente administrativo envolvido na competição.
Informações: Agência Estado
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