O prefeito Gustavo Fruet (PDT) anunciou que define até sexta-feira (30) o reajuste da tarifa de ônibus de Curitiba, e que o valor cobrado do usuário deve passar de R$ 3,00, contra os R$ 2,85 atuais. Fruet afirmou ainda que se não houver acordo com o governo do Estado para a manutenção do subsídio, não haverá como manter a tarifa única cobrada hoje nos 13 municípios da Rede Integrada de Transporte (RIT). Ou seja, podem ser implantadas tarifas diferenciadas em Curitiba e nos demais municípios da região.
Segundo o prefeito, até agora o governo do Estado tem afirmado que não tem como manter o subsídio nos níveis implantados em 2012, de R$ 64 milhões anuais, e insiste em reduzir o valor para R$ 27 milhões ao anos. Nessas condições, afirma Fruet, não há como manter a integração financeira do sistema, e a alternativa é que o Estado passe a fazer diretamente o pagamento às empresas metropolitanas, enquanto a prefeitura passaria a fazer o pagamento apenas das empresas que operam em Curitiba. Nesse caso, caberia também ao governo do Estado definir as tarifas praticadas nas cidades da região metropolitana.
“A informação do governo do Estado é que ele passa por uma crise financeira e não tem recursos para renovar o subsídio nos níveis anteriores”, disse Fruet, explicando que as empresas querem o aumento da tarifa técnica dos atuais R$ 3,18 para um valor entre R$ 3,60 e R$ 3,80, o que exigiria um subsídio anual de R$ 80 milhões. “Entendemos as dificuldades financeiras do Estado. Porém, Curitiba não tem condições financeiras de arcar com o subsídio das empresas metropolitanas. Está na hora de repactuar o sistema. Cada parte terá que assumir suas responsabilidades”, afirmou o prefeito. “Se o governo do Estado não concorda com o valor do subsídio necessário para bancar o custo metropolitano, então é mais correto que ele mesmo faça esse pagamento às empresas metropolitanas”, disse.
Fruet alega que tem que definir esses valores até sexta-feira, porque o contrato prevê o reajuste anual em 1º de fevereiro. Além disso, fevereiro é o mês que a data-base de motoristas e cobradores impõe para o reajuste salarial da categoria.
Locaute - O prefeito atribui a paralisação de dois dias do transporte na Capital a um “locaute” das empresas para pressionar pelo aumento da tarifa técnica, paga a elas pela Urbs. Segundo ele, o atraso de R$ 5 milhões no pagamento do subsídio pelo governo do Estado é expressivo, mas não justifica o atraso no pagamento do adiantamento salarial dos trabalhadores pelas empresas. “R$ 5 milhões é dinheiro, é um valor expressivo, mas em um setor que movimenta quase R$ 1 bilhão por ano, deveria ter sido provisionado. Ou é pressão para aumento da tarifa técnica muito acima da inflação”, avaliou.
Fruet não quis atribuir o impasse ao interesse político do governo do Estado em desgastá-lo com vistas às eleições municipais de 2016. “A última coisa que eu posse pensar nesse momento é em projeto eleitoral”, alegou. O prefeito, porém, por diversas vezes, lembrou que o subsídio foi implantado em 2012, ano eleitoral, quando o então prefeito Luciano Ducci (PSB) era candidato à reeleição com o apoio do governador Beto Richa (PSDB). E atribuiu a crise no sistema a falhas na licitação conduzida por Richa e Ducci, e concluída em 2010. “Não vamos alimentar intriga, entrar em provocação. Meu papel é segurar a pressão, entender que ela existe, mas não ceder a chantagem”, disse, afirmando que não se pode reduzir a discussão a “um mero embate político”, já que haveria também um “embate econômico”.
O prefeito afirmou que até amanhã continuará negociando com o governo do Estado. “Esperamos que o governo do estado assuma sua responsabilidade e trabalhe para manter a tarifa única”, disse. Caso não haja acordo, ele explicou que a Urbs manterá a operação do sistema, mas com contabilidades separadas. “Não haverá desintegração física do sistema. As vias, terminais, estações-tubo, CCO, enfim toda estrutura da URBS, que tem custo anual de R$ 30 milhões para a Prefeitura de Curitiba, continuará à disposição da RIT”, disse.
Informações: Bem Paraná
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