Uma das rotinas mais comuns na vida dos porto-alegrenses é comentar sobre os atrasos das obras de mobilidade da cidade. Também, seria impossível o assunto não ser pautado diariamente, pois, a cada trajeto, cavaletes, placas, buracos e guindastes os fazem lembrar dos cronogramas não cumpridos e dos problemas de trânsito causados pelas intervenções. Inicialmente prometidas para antes da Copa, algumas das obras só devem estar concluídas no final de 2016, como é o caso da duplicação da avenida Tronco, que emperra na desapropriação de 1.525 famílias. Ao todo, foram firmados oito contratos de obras de mobilidade, com valor de R$ 424.682.362,89, vinculados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Em junho deste ano, a reportagem do Jornal do Comércio percorreu todas estas obras para observar o andamento e comparar a execução com os cronogramas apresentados pela prefeitura. Quatro meses depois, a visita foi repetida. Foi observado que algumas intervenções avançaram, mas outras continuam em estágio semelhante ao encontrado em junho. A construção da passagem subterrânea viária da avenida Ceará sob a Farrapos segue parada. Já a trincheira da Plínio Brasil Milano ainda não iniciou.
A primeira construção que deve ser entregue à população é o viaduto da Perimetral com a avenida Bento Gonçalves. A previsão é de que ele seja liberado ao tráfego até o final do ano - sete meses de atraso em relação ao cronograma. “Além da estrutura, temos que realizar obras nas vias adjacentes. Assim, o viaduto será entregue antes, até o final do ano, e depois serão concluídas as obras das ruas laterais, o que deve ocorrer em março de 2015”, explica o engenheiro Rogério Baú, coordenador técnico das obras de mobilidade urbana da Secretaria Municipal de Gestão.
As obras do viaduto, que ligará as avenidas Salvador França e Coronel Aparício Borges, iniciaram em agosto de 2012. Com investimentos no valor de R$ 69,6 milhões, sua conclusão estava prevista para maio deste ano. A estrutura terá extensão total de 540 metros, com seis faixas de tráfego, e vai incorporar a estação de ônibus do corredor da Terceira Perimetral.
A duplicação da avenida Tronco, que começou a ser executada em 2012, é certamente o trabalho mais complexo que a prefeitura enfrenta atualmente, pois envolve a desapropriação de 1.525 famílias. Ao todo, 595 famílias já foram removidas e estão recebendo bônus-moradia ou aluguel social, com um impacto de R$ 24 milhões, segundo o engenheiro. A previsão de conclusão total dos 5,4 km é dezembro de 2016. De acordo com Baú, esta obra tem sido realizada por trechos à medida que as famílias vão sendo reassentadas.
“Hoje, estamos trabalhando no trecho da Teresópolis, que possui 800 metros, e na avenida coronel Gastão Haslocher Mazeron, também com 800 metros. A previsão de conclusão desses trechos é até o final do ano. Estamos abrindo um novo foco de trabalho no miolo da Tronco, onde já existe 1 km de via executado. Isso foi possível porque 300 famílias deste local foram recentemente deslocadas”, explica. No trecho de obra já executado, existe um grande acúmulo de lixo e os futuros corredores de ônibus estão sendo utilizados como estacionamento.
O investimento total é de R$ 156 milhões, sendo R$ 33 milhões na obra viária, incluindo as estações de ônibus. Também está prevista a implantação do Terminal BRT Cristal, que abrigará um centro popular de comércio, onde irão trabalhar os comerciantes que saíram do leito da avenida.
Postado por Jessica Gustafson
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