A tentativa da empresa VAP de furar a greve geral dos rodoviários em Porto Alegre, que afeta mais de 1 milhão de pessoas desde a última segunda-feira, foi abortada na manhã deste sábado após nove veículos serem apedrejados em locais como as avenidas Protásio Alves – próximo ao restaurante Barranco – e Manoel Elias.
Foto: Tadeu Vilani / Agencia RBS |
Os 17 coletivos postos em circulação acabaram retornando à garagem, no bairro Alto Petrópolis, e os cerca de 30 funcionários presentes foram dispensados. Eles ouviram que não havia condições de segurança para trabalhar e reclamaram da ausência de líderes sindicais na sede da VAP.
Conforme a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), pelo menos 45 coletivos foram atacados nos últimos seis dias de paralisação: nove hoje, 22 na quinta-feira e 14 na terça-feira.
– A greve é considerada ilegal e é de nossa responsabilidade largar os veículos. Foi o que tentamos fazer. Devido a quebras e vandalismo, fomos obrigados a recolher. A empresa tentou fazer sua parte, mas nessas condições não há mais como – disse Ênio Luis, 59 anos, representante da companhia.
Um motorista de 48 anos, cujo nome foi preservado por Zero Hora, conduzia um dos ônibus que teve o para-brisa alvejado por uma pedra na Protásio Alves no final da madrugada. Ele relata que já esperava a depredação:
– Do nada escutei um estouro, não visualizei ninguém, estava escuro. Havia quatro passageiros. O cobrador tinha orientado eles a não sentarem próximo às janelas, pois a gente previa isso. Bah, não sabemos o que fazer, não sei se fiz certo ou errado, foi a orientação que recebi.
Reivindicações
Os rodoviários querem 14% de aumento, reajuste do vale-alimentação de R$ 16 para R$ 20 e manutenção do plano de saúde, sem desconto no salário. Porém, as empresas oferecem 5,56% (reposição integral da inflação no ano, segundo o INPC) e querem coparticipação financeira dos empregados no plano de saúde.
Paralisação segue total
Sem avanço nas negociações com os empresários, os rodoviários decidiram, em assembleia no Ginásio Tesourinha na noite de sexta-feira, manter a paralisação por tempo indeterminado. Eles criaram uma comissão grevista, com lideranças em todas as garagens, para manterem a mobilização.
Se for necessário, piquetes serão formados em frente às empresas, segundo os sindicalistas. Os representantes das permissionárias afirmam que não têm como oferecer outra proposta sem o reajuste da tarifa de R$ 2,80.
A Justiça do Trabalho descartou o uso da Brigada Militar para liberar a saída dos veículos. O governo do Estado havia deixado claro que, se o Poder Judiciário determinasse, colocaria a polícia para dialogar com os grevistas, sem o uso da força.
Informações: Zero Hora
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