Ir para o trabalho, mas não saber se vai conseguir voltar. Essa é a preocupação de muitos trabalhadores da Região Metropolitana do Recife que depende do ônibus para ir até o trabalho na manhã desta quinta-feira (4), 4º dia de greve dos rodoviários. Algumas linhas estão demorando mais que o normal, apontam os passageiros, enquanto outras parecem estar voltando à normalidade. Paradas de ônibus da Zona Norte do Recife estão menos movimentadas.
Antes das 7h, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) já estava desviando os coletivos com destino ao Centro pela Avenida Mario Melo, sem deixar seguir pela Rua do Hospício ou Parque 13 de Maio. Muitos passageiros tiveram de caminhar até o destino. "Eu espero que não seja como ontem, tive que andar da [Avenida] Conde da Boa Vista até o [Shopping] Tacaruna", afirma a vendedora Larissa Vaz.
Com a ameaça dos motoristas e cobradores de parar os veículos às 8h da manhã e só voltar a rodar às 17h, para levar os trabalhadores de volta para casa, muita gente tem buscado outros meios para chegar ao serviço. Os passageiros relataram que os ônibus estão passando, mas costumam demorar mais do que o normal. Além disso, chegam lotados e muitos motoristas são vistos trabalhando sem fardamento, um indicativo da movimentação.
Mesmo prejudicada, a população encontra um jeito de apoiar a greve. "Se eu tivesse um sindicato forte como o deles, também faria greve", disse a cozinheira Elisângela Brito. "Nos afeta, claro, mas eles têm mesmo que lutar. Não acho errado", disse ela, que chegou a esperar 40 minutos em uma parada de ônibus do Complexo de Salgadinho, em Olinda, onde normalmente ela fica cerca de 20 minutos.
Zona Sul
O ponto de ônibus em frente à Igreja do Pina, na Avenida Herculano Bandeira, Zona Sul do Recife, estava cheio no começo da manhã, mas o fluxo de ônibus era quase normal. Acostumada a pegar o CDU/Caxangá, a educadora Marta Elizabeth aponta que a demora está pouco maior que o normal. "Normalmente, já demora. Essa parada aqui mesmo, eles muitas vezes não obedecem, queimam. Eu acho que essa greve está errada, eles não estão mexendo no bolso do patrão mesmo, só do trabalhador", acredita Marta.
Esperando ônibus da mesma linha, a professora Nadjane Maria se preocupa com a volta também. O coletivo chegou lotado, mas não foi surpresa. "Ele vem sempre lotado, hoje parece um pouco pior", aponta Nadjane, correndo para não perder.
No bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, a situação não era tão tranquila. Com pontos lotados, muitos passageiros reclamavam da demora muito superior à normal. Tentando ir para casa, o conferente Cássio Peres estava há meia hora esperando um ônibus que leva dez minutos, mas se mostrou compreensivo. "É injusto para os trabalhadores e também para os motoristas. Eu ontem fiquei mais de uma hora esperando ônibus", lembra Peres.
A cozinheira Andrea Cabral conseguiu uma carona de Enseada dos Corais até o bairro, já que não passavam coletivos durante a manhã. "Eu trabalho em Tejipió, estou há três dias sem conseguir chegar na empresa. Eu não entendo essa greve, porque no final é a gente que está prejudicado. Minha sorte é que tenho patrão compreensivo, mas preciso ir trabalhar. Só não sei como vou voltar", conta Andrea.
Sem ter conseguido trabalhar na quarta-feira (3), a empregada doméstica Josefa Costa resolveu arriscar nesta quinta e levar o filho, Jonathan, junto. "Tenho que ir hoje, mas fico muito preocupada com a volta. Ninguém sabe direito como vai ser mais tarde", diz.
No Terminal de Piedade, junto ao Cojunto Habitacional Dom Hélder, a situação por volta das 7h30 era atípica. Três ônibus aguardavam tranquilamente o horário da saída, enquanto quase não havia passageiros. "Muita gente deve ter desistido. Afinal, disseram que 8h vai parar onde quer que esteja, ninguém quer correr risco", acredita a estudante Paloma Santos.
A operadora de telemarketing Suzane Bezerra prefere arriscar ficar pelo meio do caminho. "Ontem [quarta], eu andei do Cais de Santa Rita até o Shopping Tacaruna. Se hoje eu tiver que andar do Cais até o trabalho, não tem problema, eu vou, mas preciso ir trabalhar", aponta Suzane.
Informações: G1 Pernambuco
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