A implantação do modelo de ônibus rápidos BRT (Bus Rapid Transit, na sigla em inglês) é o principal investimento voltado ao transporte público entre as obras preparatórias ao Mundial de 2014. Esse é o tema da quinta reportagem da série do Jornal do Comércio sobre as obras da Copa.
Estão previstos 26,7 km de corredores pavimentados, 106 novas estações de embarque e quatro terminais de Integração (Manoel Elias, Cristal, Azenha e Antônio de Carvalho) para conexão entre as linhas.
As intervenções se tornaram visíveis aos porto-alegrenses desde o início do ano, principalmente nas avenidas João Pessoa, Protásio Alves e Bento Gonçalves - onde os corredores existentes estão ganhando nova pavimentação. Os congestionamentos aumentaram nesses locais em razão dos canteiros instalados e do desvio do fluxo de veículos de transporte coletivo.
Na avenida Padre Cacique - onde os ônibus ganharão uma pista exclusiva -, as escavações iniciais também formam autorizadas. A outra novidade é o BRT da avenida Tronco, que ainda depende das obras de ampliação da via.
Os terminais de integração e as novas paradas que serão construídas - em que os passageiros pagarão antecipadamente o valor do bilhete - ainda não foram licitados, estão na fase de elaboração de edital. O que está em andamento é a pavimentação dos corredores de ônibus. Os trabalhos seguem, mas tiveram o ritmo diminuído em função da falta de fornecimento de areia, após a proibição judicial da extração no rio Jacuí.
Em cada um dos corredores, de acordo com levantamento do diretor administrativo e financeiro do Sicepot, Nilto Scapin, são necessários no mínimo 165 metros cúbicos do material diariamente para não prejudicar o cronograma pleno de concretagem. Há pelo menos duas semanas, conforme o dirigente, as entregas não conseguem atingir sequer o montante de 40 metros cúbicos ao dia.
O fato levou o prefeito José Fortunati a admitir a necessidade de readequação dos prazos, durante uma visita aos canteiros na quarta-feira. No entanto, a maior preocupação diz respeito ao tempo exíguo de instalação de um novo e complexo modelo de transporte.
Para especialista, sistema vai operar depois da Copa
O engenheiro de Trânsito e ex-coordenador do Laboratório de Sistemas de Transportes da Ufrgs (Lastran) Luis Antonio Lindau observa que há uma “confusão” entre a pavimentação de corredores de ônibus e a implantação do modelo BRT. Com experiência em projetos de Belo Horizonte e Rio de Janeiro, ele avalia que Porto Alegre não terá BRTs em operação durante a Copa. “Um ano é muito pouco tempo para implantar um sistema desse tamanho. Sem falar que as concorrências públicas para as operações das linhas só ocorrerão no ano que vem.”
Depois de vencido o processo licitatório, as empresas ganhadoras terão de entrar em duas filas de espera. A primeira, pela liberação dos recursos junto à linha especial criada do Bndes. Outra demora pode ocorrer devido ao excesso de procura por BRTs junto aos fabricantes. Além de Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro também optaram pelo sistema. Os veículos têm custo unitário médio de R$ 700 mil. De acordo com Lindau, em municípios onde o projeto está em funcionamento, o monitoramento é feito pela empresa que opera a linha. Em Porto Alegre, a central deve ficar a cargo da EPTC.
Para o especialista, a Capital também fez o caminho inverso no que diz respeito ao lançamento dos editais. Enquanto Rio de Janeiro e Belo Horizonte licitaram as operações antes da pavimentação e já possuem linhas ativas, as empresas daqui só irão investir na compra de ônibus especiais no segundo semestre de 2014.
Por Rafael Vigna
Informações: Jornal do Comércio
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