O transporte público de Aracaju, em Sergipe, é alvo de constante reclamação dos usuários. A precariedade do serviço inclui ônibus danificados, sujos, superlotação, atrasos e falta de preparo de cobradores e motoristas. A Câmara de Vereadores do aprovou na noite de quarta-feira (10) do reajuste de R$ 2,25 para R$ 2,45 fez a discussão sobre a qualidade do serviço ser o assunto de muitos trabalhadores nesta quinta-feira (11). O novo valor ainda precisa ser sancionado pelo prefeito da capital, João Alves Filho (DEM), para começar a valer.
“O reajuste seria viável se melhorasse a qualidade do serviço, mas todos os anos eles aumentam o valor e o transporte público continua péssimo. Os ônibus são velhos, sem conforto, muitos estão quebrados e sujos. Também falta qualificação para os motoristas e cobradores, pois a maioria não sabe lidar com o público”, afirma a estudante Patrícia Cerqueira Guimarães.
A empregada doméstica Joceni dos Santos Vieira pega diariamente seis ônibus para ir trabalhar. O percurso entre a casa dela no Conjunto Taiçoca no município de Nossa Senhora do Socorro e o local de trabalho no bairro São José, em Aracaju, leva mais de uma hora.
“Os ônibus não têm horário certo, muitos motoristas fazem o próprio horário de descanso e às vezes até desviam a rota da viagem. A SMTT não fiscaliza nada, por isso que a situação está desse jeito. Sem contar que duvido que eles sempre terão troco de R$ 0,05 para dar para todo mundo como já acontece hoje em dia”, argumenta a doméstica.
Passagem mais barata
O valor atual da passagem de ônibus é de R$ 2,25, mas o Sindicato de Transporte Público (Setransp) pediu reajuste de 11%, o que elevaria a tarifa para R$ 2,52. O pedido de aumento foi analisado pela Superintendência Municipal de Trânsito de Transporte (SMTT), que entendeu que o reajuste de 8%, o que equivale a R$ 2,43, seria suficiente para atender as necessidades das empresas sem prejudicar tanto no orçamento dos usuários.
“Historicamente os reajustes são feitos abaixo da tarifa técnica calculada e esse ano não foi diferente, dando mais do que 11%”, explica José Amâncio.
No entanto, o economista Demétrio Rodrigues Varjão, membro do Movimento Não Pago, afirma que houve uma série de irregularidades na votação e aprovação. “Eles incluíram custos que não existem como câmara de ar e protetor de câmara de ar sendo que os pneus utilizados não precisam desses componentes. As empresas de transporte público também colocaram na planilha de contas o salário de cobradores de micro-ônibus e nesse tipo de veículo que compõe15% da frota só trabalha o motorista. Até a própria SMTT fez uma pesquisa de preço de mercado dos insumos do serviço como combustível, óleo e manutenção e identificou que os valores reais são menores que os alegados pelo Setransp”, explica Demétrio.
O economista calcula que a retirada desses valores considerados ‘abusivos’ reduziria a tarifa de ônibus para R$ 2,17. “Nós do Movimento Não Pago fizemos uma pesquisa de mercado e ainda encontramos valores menores dos que a SMTT, denunciamos essas irregularidades na planilha apresentada pelo Setransp em sessão especial na Câmara no dia 11 de março e os vereadores parece que não prestaram atenção. A bancada governista simplesmente votou sem sequer questionar”, afirma Demétrio.
O advogado do Movimento, Luiz Gustavo Mendes, está acompanhando o caso e disse que vai recorrer ao Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Defensores Públicos para pedir a anulação do novo valor se este for aprovado por João Alves. A licitação do transporte público, apontada como a única esperança para melhorar a qualidade do serviço, ainda não saiu do papel.
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