Apesar da expectativa por um acordo, a greve dos motoristas e cobradores chega nesta quarta-feira (13) ao nono dia em Juiz de Fora. Nesta terça, após duas horas de reunião no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o índice de 10,63% de reajuste linear, sugerido pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) na última quinta-feira, foi aceito tanto por empresários quanto por trabalhadores, que realizaram duas assembleias, uma pela manhã outra à tarde. O impasse deve-se à forma de pagamento. A Astransp defende o repasse imediato do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 6,3% e o escalonamento, a partir de agosto, da diferença de 4,33% e do retroativo referente a fevereiro e março.
Já o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (Sinttro) não abre mão do pagamento total e imediato. Conforme o presidente do sindicato, Adilson Rezende, o assunto voltará a ser discutido na porta das garagens nesta quarta. Após o encontro, o sindicato anunciou a intenção de recorrer da decisão do TRT e tentar, na Justiça, a redução de 80% para 50% da frota em circulação, enquanto durar o movimento. Segundo a advogada Elizângela Nascimento, o recurso pode ser ajuizado nesta quarta.
O chefe de Relações do Trabalho do MTE, Sérgio Nagasawa, definiu o impasse como um "ajuste fino" e lamentou que o acordo não tenha sido fechado. Também presente ao encontro, o secretário de Transportes, Rodrigo Tortoriello, confirmou a circulação mínima de 80% da frota na terça e definiu a participação nas discussões como forma de chegar a um entendimento, por meio do diálogo. "A única coisa que não queremos é que a desordem seja instaurada, e que a população seja extremamente prejudicada, porque prejudicada ela será em algum momento." Tortoriello reconheceu que o sistema de transporte precisa melhorar. Afirmou que está trabalhando para isso, mas ponderou que não é possível revolver tudo de imediato.
O procurador do trabalho, José Reis Santos Carvalho, integrante do Ministério Público da União, preferiu não comentar o assunto. Antes da reunião e mediante uma possível falta de acordo, o presidente do Sinttro chegou a ameaçar colocar os ônibus nas ruas com as roletas travadas. Ao final da mediação, porém, disse que a possibilidade será "amadurecida". Ainda no MTE, Adilson convocou os militantes a irem para a porta das garagens nesta quarta.
O presidente da Astransp, Fernando Goretti, destacou o ganho real da categoria, superior a 4%, afirmou que os trabalhadores não terão prejuízo com o acerto escalonado, destacou os benefícios sociais garantidos e reclamou da mudança de posicionamento da categoria. Segundo Goretti, caso o Sinttro decida pelo recurso, a Astransp está disposta a manter o caso na Justiça.
Clima
Durante a assembleia da manhã, o clima foi amistoso. A diretoria do Sinttro sinalizou interesse em aceitar o índice proposto pelo TRT, mas ressaltou que a decisão seria tomada em conjunto com a categoria. "Politicamente, o sindicato foi ao extremo, que é o Tribunal. Se tivéssemos mais instâncias a percorrer, podem ter certeza que iríamos atrás. Mas, chegamos ao último ponto", afirmou o presidente Adilson Rezende. "Esta é a proposta que temos. Queremos saber se aceitamos ou vamos para dissídio", continuou. "Mas, antes precisamos deixar todos vocês cientes do que pode acontecer."
Foi em tom de alerta, que o advogado do Sinttro, Rodrigo Vidal, assumiu a palavra e destacou todas as vitórias que a categoria conseguiu até o momento. "Quando começaram as reuniões, antes de irmos ao MTE, a Astransp oferecia 3% de reajuste. Foi com muito custo que chegamos ao índice de reposição da inflação (INPC) de 6,3%. E graças à luta de vocês, este percentual chegou a 10,63%", destacou. "Se as negociações forem para dissídio, este índice pode diminuir", alertou.
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