Dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) mostram que, nos últimos dez anos, houve uma redução de 37% no número de passageiros de ônibus e um aumento de 88% de veículos circulando nas ruas. A baixa qualidade do transporte coletivo e as reduções de impostos para a compra de carros contribuíram para a mudança.
Foto: Reprodução/EPTV |
“Eu acho péssimo, eles correm muito. É difícil, principalmente para as pessoas mais idosas, para subir e descer é muito difícil”, diz Regina Bonaretti, operadora de caixa.
A dona de casa Ana Maria Fernanda Soares é casada com um cadeirante e também reclama da falta de linhas adaptadas em São João da Boa Vista (SP). “Às vezes você quer pegar o circular, mas não tem como porque ele é cadeirante. Faz falta uma linha circular adaptada”, diz.
Pensando no conforto e na facilidade, a moradora de São Carlos Adriana de Fátima da Silva trocou o ônibus pela moto. Antes, ela tinha que pegar mais de uma condução para chegar ao trabalho. “Se for esperar ônibus você fica horas no ponto”, afirma Adriana.
Qualidade
O professor do departamento de transportes da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, José Fernandes Júnior, diz que experiências de outros países mostram que é possível melhorar a situação do trânsito.
“Que a frequência de linhas aumente, o intervalo diminua, que os ônibus tenham qualidade. Nós temos sistemas eletrônicos que qualquer pessoa, por mais simples que seja, tem um celular capaz de receber mensagens e pode acompanhar qual é a situação e quando o ônibus vai passar ou não. É todo um planejamento em que já temos tecnologia para fazer isso”, explica Fernandes Júnior.
Ainda segundo o professor, é preciso vontade política e da sociedade também para fazer as mudanças. “O chique para um banqueiro europeu é ir trabalhar de bicicleta ou de transporte coletivo, não ir de carro blindado ou de helicóptero. É uma questão de posicionamento da sociedade, em todas as camadas, começando pelos mais favorecidos dando o exemplo”, afirma o professor.
Com as mudanças de comportamento dos passageiros, outros problemas além do trânsito podem ser melhorados. “Maior número de carros você tem congestionamento, tem uma ineficiência energética, consumo de combustível, poluição atmosférica, são todos efeitos danosos resultantes de não se ter um transporte coletivo de qualidade”, diz Fernandes Júnior.
Desconto nas tarifas
As cidades da região têm programas de descontos e isenções para os passageiros de ônibus. Em São Carlos, idosos acima de 60 anos não pagam a passagem, estudantes pagam meia e trabalhadores domésticos que ganham até dois salários mínimos têm direito a desconto.
Em Rio Claro, há gratuidade para pessoas entre 60 e 64 que ganham até três salários mínimos. Acima de 65 anos a passagem não é cobrada. No município há programas que prevêem isenção de tarifa ou descontos para estudantes.
Informações: G1 São Carlos e Araraquara
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