Parte da frota dos ônibus de Curitiba passou a circular nessa segunda-feira (5) exibindo nos vidros traseiros mensagens educativas incentivando o respeito e compartilhamento seguro das vias. Duas das peças são voltadas exclusivamente à questão dos ciclistas no trânsito.
Alexandre Costa Nascimento/Ir e Vir de Bike |
Uma delas foca no artigo 201 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que determina que o motorista deve guardar a distância lateral de 1,5 metro ao passar ou ultrapassar uma bicicleta. O cartaz traz ainda a mensagem "Respeite o ciclista. Pratique essa ideia". Outra versão, voltada aos usuários da bicicleta orienta: "Ciclista, sinalize suas intenções. Pratique essa ideia".
A campanha faz parte da iniciativa Vida no Trânsito, da Organização Mundial de Saúde, órgão das Nações Unidas (ONU), para redução de mortes nas ruas e estradas do país. Curitiba é uma das cinco capitais do país com ações do programa, que por aqui é coordenado pela Secretaria Municipal de Trânsito (Setran).
O uso dessa mídia -- chamada busdoor -- é privativo da Prefeitura Municipal. A reivindicação de que esse recurso fosse usado para campanhas educativas voltadas aos ciclistas é uma antiga reivindicação dos movimentos cicloativistas da capital paranaense.
Mas, ao invés disso, o espaço vinha sendo frequentemente para publicidade institucional com fins, digamos, menos nobres.
Por isso, a implantação da campanha, que passa literalmente a circular pela cidade, levando a mensagem para milhares de pessoas, é uma conquista importante que merece elogios.
Porém, a inclusão da campanha educativa nos ônibus não é um fim em si mesmo. A criação de uma cultura de compartilhamento seguro das vias e respeito no trânsito só terá efeito se for uma política permanente, que vá além das discussões partidárias ou ideológicas.
Além disso, é preciso que a campanha educativa seja acompanhada da fiscalização efetiva, com aplicação de multa aos infratores.
Para os motoristas de ônibus e táxis da capital, se faz necessária a aplicação de cursos obrigatórios de reciclagem, com conteúdo para promover a distensão das relações com os diversos atores do trânsito.
Em São Paulo, por exemplo, a SPTrans, gestora do transporte público local, implantou um curso obrigatório para todos os motoristas, pautado na convivência pacífica entre ônibus e bicicletas. Em pouco mais de 6 meses, mais de 30 mil motoristas passaram pelo treinamento. Em três anos, o resultado foi uma redução de 66% no número de mortes envolvendo ônibus e ciclistas.
Outras ações
Criada na atual gestão municipal, a Setran sinalizou com o início da implantação de políticas amigáveis aos ciclistas no trânsito. Essas ações, porém, foram interrompidas após a troca de comando na secretaria por motivos políticos.
Em março, a secretaria promoveu o 2º Fórum Curitiba de Trânsito tendo como tema ciclomobilidade. No evento, o então secretário foi cobrado publicamente para promover campanhas com foco no artigo 201 do CTB, inclusive, usando o busdoor.
Em junho, foram instalados painéis publicitários do mobiliário urbano com cartazes promovendo o respeito ao ciclistas, mas eles permaneceram por apenas duas semanas.
Durante algumas semanas, a secretaria também passou a exibir nos painéis de trânsito do Anel Central mensagens educativas focadas exclusivamente na questão da bicicleta, como foco tanto na educação dos motorista quanto na dos ciclistas.
A secretaria também promoveu blitze educativas no calçadão da Rua VX de Novembro para evitar que ciclistas pedalem em local proibido.
Logo que foi criada, a Setran implantou uma ciclopatrulha, em que os agentes de trânsito usam bicicletas para fazer rondas e a fiscalização do trânsito na cidade.
A equipe conta atualmente com 4 viaturas -- a promessa era terminar o ano com 20 bicicletas, o que não será cumprido.
Informações: Gazeta do Povo
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