Sete motoristas são multados por hora nas pistas exclusivas para ônibus de Belo Horizonte. A média é feita com base nos números do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran) de janeiro a maio, que revelam um aumento nas autuações depois que radares fixos foram instalados na capital. Nos cinco primeiros meses deste ano foram 26.241 multas. No mesmo período de 2011, 108. O crescimento é de 24.000%.
A Nossa Senhora do Carmo é a única via com radar para faixa exclusiva na cidade e a principal responsável pelas autuações. Ela tem quatro equipamentos, dois em cada sentido. Eles foram instalados em junho do ano passado, em um trecho de 900 m, e fizeram as multas por transitar nas faixas exclusivas saltarem do 94º para o 5° lugar no ranking de infrações do Detran. Elas perdem apenas para as autuações por excesso de velocidade, avanço de sinal vermelho, uso de celular e estacionamento rotativo irregular.
O analista de rede Christiano Grieco, 40, foi multado porque não sabia dos aparelhos nem da existência da pista exclusiva, tampouco reparou nas placas. "Era um domingo e quase não havia ônibus. A sorte foi que meu pai avisou no primeiro radar, porque eu podia ter levado duas multas. É uma ótima fonte de dinheiro para o governo em que a gente não vê retorno nenhum", reclamou.
A assessoria da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) não indicou um representante para falar sobre o assunto, mas informou que o objetivo é dar maior fluidez ao trânsito e priorizar os usuários do transporte público.
Mas especialistas em trânsito questionam o caráter educativo da multa, já que os radares foram instalados há um ano e as pessoas continuam sendo autuadas exaustivamente. "Se os radares estão multando tanto ainda, tem alguma coisa errada nisso. O conceito da multa é educar, mas não está funcionando. É apenas uma ótima fonte de arrecadação para o governo", afirmou o perito de segurança de trânsito Marco Paiva.
Para o também especialista em transito José Aparecido Ribeiro, a pista exclusiva está em um local inadequado. "Ali existe um afunilamento da avenida, que acaba confundindo os motoristas. Quem é multado ali é porque não conhece a região. Os ônibus deveriam transitar nas pistas laterais e não nas centrais. É uma fábrica de dinheiro", disse.
A auxiliar administrativa Taciane Leone, 25, foi multada enquanto seguia um amigo em outro veículo e só percebeu a infração quando recebeu a multa. "A gente sai da trincheira da rua Rio Grande do Norte, cai na avenida e nem percebe que está em uma pista exclusiva".
Fonte: O Tempo Online
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