Acionar a seta, olhar pelos retrovisores e aguardar a passagem do veículo que trafega ao lado. Na prática, esses deveriam ser os passos seguidos por motoristas ao mudar de faixa, mas o que se pratica muitas vezes é o contrário. Comportamento que vai contra o artigo 35 do Código de Trânsito Brasileiro, que estabelece que antes de iniciar a manobra “o condutor deverá indicar seu propósito de forma clara e com a devida antecedência, por meio de luz indicadora de direção”, e dependendo do horário e tráfego, pode terminar em acidente.
Neste cenário, motociclistas estão entre as principais vítimas. Dados da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) apontam que entre os cerca de 36 mil mortos no trânsito brasileiro por ano, 23,4% estão pegando carona ou pilotando motos, como motoboys que convivem em torno de longa jornada de trabalho, excesso de confiança e estresse em duas rodas. Ocorrências envolvendo motocicletas também lideram o ranking de acidentes responsáveis por lesões que levam à existência de sequelas. “E isso só tende a piorar, porque a situação nas grandes cidades é grave”, alerta o consultor em trânsito da ONG SOS Mobilidade Urbana, José Aparecido Ribeiro. O estudioso defende a existência de dois tipos de usuário de motos: o motociclista, responsável e que segue as leis de trânsito, e o motoqueiro ou motoboy, que se acha dono das faixas de rolamento. “São categorias que se confundem. Em quatro anos, o número de motos nas ruas ultrapassará o volume de carros e a convivência no asfalto ficará ainda mais difícil”, prevê Ribeiro, que questiona a falta de campanhas de conscientização no trânsito, regulação e transporte coletivo eficazes, o que, para ele, incentiva a compra desenfreada de veículos de uso individual.
Neste cenário, motociclistas estão entre as principais vítimas. Dados da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) apontam que entre os cerca de 36 mil mortos no trânsito brasileiro por ano, 23,4% estão pegando carona ou pilotando motos, como motoboys que convivem em torno de longa jornada de trabalho, excesso de confiança e estresse em duas rodas. Ocorrências envolvendo motocicletas também lideram o ranking de acidentes responsáveis por lesões que levam à existência de sequelas. “E isso só tende a piorar, porque a situação nas grandes cidades é grave”, alerta o consultor em trânsito da ONG SOS Mobilidade Urbana, José Aparecido Ribeiro. O estudioso defende a existência de dois tipos de usuário de motos: o motociclista, responsável e que segue as leis de trânsito, e o motoqueiro ou motoboy, que se acha dono das faixas de rolamento. “São categorias que se confundem. Em quatro anos, o número de motos nas ruas ultrapassará o volume de carros e a convivência no asfalto ficará ainda mais difícil”, prevê Ribeiro, que questiona a falta de campanhas de conscientização no trânsito, regulação e transporte coletivo eficazes, o que, para ele, incentiva a compra desenfreada de veículos de uso individual.
MENOS ESPAÇO
Com tantos veículos lado a lado nas ruas, outros fatores que acirram a disputa pelo espaço entre faixas são o crescimento dos modelos de carros, como utilitários-esportivos, e o estreitamento da pista em vias de grande fluxo. Uma das principais avenidas da região Norte de Belo Horizonte, a Cristiano Machado tem trechos com até cinco faixas de rolamento. “A maioria das pessoas não sabe, mas a redução das faixas busca principalmente manter a velocidade a 60 km/h, o que consequentemente aumenta o número de multas por excesso de velocidade por uma diferença de 3 a 5 km/h”, alega Ribeiro.
Entretanto, para a BHTrans, a redução da largura das faixas de rolamento tem como únicos objetivos dinamizar e disciplinar o fluxo do trânsito.
MAIS RAIVA
Do ponto de vista psicológico, a falta de cordialidade no asfalto pode ser explicada pelo crescimento do número de carros nas ruas e o relógio. É o que pensa a chefe do departamento de psicologia de tráfego da Abramet, Raquel Almqvist, que relaciona congestionamentos ao surgimento de queixas em ambiente de trabalho e raiva acumulada. “Com as ruas travadas, as pessoas se atrasam. O atraso pode gerar queixas do chefe ou constante irritação”, diz a especialista. A irritação tende a se tornar estresse cotidiano, o que abre caminho para reações imprevisíveis entre motoristas e motociclistas. “Dentro do carro, o condutor acha que está protegido numa espécie de armadura de ferro inatingível e, por isso, pode sair desafiando os outros indo de uma faixa para outra”, explica Raquel.
Entre motociclistas, a sensação de segurança no trânsito é igualmente presente, com a diferença de que as consequências, em caso de acidente, podem ser fatais. “A moto é quase sempre adquirida com a intenção de costurar o trânsito e ganhar tempo, mas o excesso de confiança leva ao comportamento de risco”, acrescenta a psicóloga.
VISÃO VARIÁVELEstudo publicado pelo Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi Brasil) em 2008 classificou diferentes carros de acordo com a visão lateral, traseira e dianteira dos motoristas. Uma média aritmética dos três pontos de carroceria definiu o índice de visibilidade, classificado com notas de 0,5 a 5 estrelas. “Muitos acidentes em mudança de faixa ocorrem por conta do ponto cego dos retrovisores externos, principalmente os que envolvem motociclistas”, afirma o analista técnico da instituição, Claudemir Rodriguez. Como critério de avaliação das laterais, o Cesvi utilizou um motorista de 1,80m e cones de 1,11m de altura colocados entre faixas de 2 metros. “No dia a dia recomendamos que se ajustem os retrovisores de forma que não se enxergue a lateral. Quanto menor a visão lateral do veículo, maior será o campo de visão e por consequência menor será a área não visível”, explica Rodriguez.
Entre os carros com melhor visibilidade estão Ford Ka, Mini Cooper, Fiat Stilo e Honda Fit. Os piores da lista são Fiat Siena (modelos 2004 a 2010), Land Rover Freelander (2006 a 2010), Jeep Cherokee (2008 a 2010) e Volkswagen CrossFox (2005 a 2009).
Com tantos veículos lado a lado nas ruas, outros fatores que acirram a disputa pelo espaço entre faixas são o crescimento dos modelos de carros, como utilitários-esportivos, e o estreitamento da pista em vias de grande fluxo. Uma das principais avenidas da região Norte de Belo Horizonte, a Cristiano Machado tem trechos com até cinco faixas de rolamento. “A maioria das pessoas não sabe, mas a redução das faixas busca principalmente manter a velocidade a 60 km/h, o que consequentemente aumenta o número de multas por excesso de velocidade por uma diferença de 3 a 5 km/h”, alega Ribeiro.
Entretanto, para a BHTrans, a redução da largura das faixas de rolamento tem como únicos objetivos dinamizar e disciplinar o fluxo do trânsito.
MAIS RAIVA
Do ponto de vista psicológico, a falta de cordialidade no asfalto pode ser explicada pelo crescimento do número de carros nas ruas e o relógio. É o que pensa a chefe do departamento de psicologia de tráfego da Abramet, Raquel Almqvist, que relaciona congestionamentos ao surgimento de queixas em ambiente de trabalho e raiva acumulada. “Com as ruas travadas, as pessoas se atrasam. O atraso pode gerar queixas do chefe ou constante irritação”, diz a especialista. A irritação tende a se tornar estresse cotidiano, o que abre caminho para reações imprevisíveis entre motoristas e motociclistas. “Dentro do carro, o condutor acha que está protegido numa espécie de armadura de ferro inatingível e, por isso, pode sair desafiando os outros indo de uma faixa para outra”, explica Raquel.
Entre motociclistas, a sensação de segurança no trânsito é igualmente presente, com a diferença de que as consequências, em caso de acidente, podem ser fatais. “A moto é quase sempre adquirida com a intenção de costurar o trânsito e ganhar tempo, mas o excesso de confiança leva ao comportamento de risco”, acrescenta a psicóloga.
VISÃO VARIÁVELEstudo publicado pelo Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi Brasil) em 2008 classificou diferentes carros de acordo com a visão lateral, traseira e dianteira dos motoristas. Uma média aritmética dos três pontos de carroceria definiu o índice de visibilidade, classificado com notas de 0,5 a 5 estrelas. “Muitos acidentes em mudança de faixa ocorrem por conta do ponto cego dos retrovisores externos, principalmente os que envolvem motociclistas”, afirma o analista técnico da instituição, Claudemir Rodriguez. Como critério de avaliação das laterais, o Cesvi utilizou um motorista de 1,80m e cones de 1,11m de altura colocados entre faixas de 2 metros. “No dia a dia recomendamos que se ajustem os retrovisores de forma que não se enxergue a lateral. Quanto menor a visão lateral do veículo, maior será o campo de visão e por consequência menor será a área não visível”, explica Rodriguez.
Entre os carros com melhor visibilidade estão Ford Ka, Mini Cooper, Fiat Stilo e Honda Fit. Os piores da lista são Fiat Siena (modelos 2004 a 2010), Land Rover Freelander (2006 a 2010), Jeep Cherokee (2008 a 2010) e Volkswagen CrossFox (2005 a 2009).
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