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VLT de Brasília continua indefinido

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Brasília Integrada, o principal projeto de mobilidade urbana no Distrito Federal, prevê três novas linhas viárias de ligação ao Plano Piloto: a linha verde (para quem sai de Águas Claras, Taguatinga e Ceilândia), a linha amarela (desde Planaltina e Sobradinho) e a linha laranja (para moradores de Gama e Brazlândia se deslocarem até o centro da capital).

Inclui ainda a integração tarifária; a expansão do metrô, com novas linhas e mais trens; e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), ligando o aeroporto internacional Juscelino Kubistchek à Asa Norte. Carro-chefe das obras de mobilidade urbana para a Copa de 2014, o VLT vai permitir levar os turistas que desembarcarem no aeroporto aos setores hoteleiros e às proximidades do estádio nacional Mané Garrincha.

Mas a lentidão na implementação dos projetos é o que preocupa. Segundo Flávio Dias, pesquisador do Centro de Formação em Transportes da Universidade de Brasília (UnB), "a integração da tarifa já poderia ter saído há três anos. O governo tem inclusive todo equipamento para isso. Quanto à linha verde, só parte das obras está sendo feita", questiona.

Outra ressalva é quanto às ciclovias, que deveriam servir para ajudar a desafogar o trânsito, mas estão sendo construídas apenas para o lazer e esporte. "Não está servindo para o brasiliense ir de casa ao trabalho", objeta Dias.

VLT indefinidoQuanto às obras do VLT, iniciadas em 2009, e suspensas por duas vezes, a última há mais de seis meses, a Justiça aponta irregularidades na licitação e a falta de estudos de impacto ambiental e de vizinhança. O novo prazo, pactuado na Matriz de Responsabilidades, marca o início das obras (embora também não cumprido) para novembro de 2010.

Para o promotor Paulo José Farias, da promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística do Ministério Público do DF, falta um posicionamento do governo: "É preciso saber se há vontade de suplantar obstáculos, bater o martelo e prosseguir com a obra", diz. Na sua opinião, o governo vem jogando a decisão para a frente, mas, "este semestre é crítico para a definição sobre a obra", alertou. No fim de abril, espera-se que as autoridades apresentem um estudo e nova proposta de licitação. Só assim não se perderia o trabalho já iniciado na avenida W3 Sul, avisa.

Procurado pela reportagem, o secretário de Transportes do DF, José Walter Vasquez, não foi encontrado para comentar a situação das obras.

Com investimentos da ordem de R$ 1,5 bilhão, o VLT pode no entanto não trazer os benefícios prometidos para o transporte da população do DF. Para o pesquisador da UnB, o sistema é inadequado para a demanda pequena dos passageiros que fazem o trajeto entre o aeroporto e a avenida W3 Norte, passando pela avenida W3 Sul. "É como pegar um ônibus para transportar dois filhos para a escola", compara. De acordo com ele, o custo do VLT é alto demais para uma obra localizada numa área tombada como Patrimônio da Humanidade, e portanto com restrições para crescer além dos limites atuais.

"Não é benefício para a sociedade, e nem para a Copa porque [a obra] não vai ficar pronta a tempo", prevê o pesquisador, que sugere alternativas: Veículo Leve sobre Pneus (VLP), ônibus articulados e o aumento e especialização da frota de táxis - serviços como táxis de luxo e popular, para atender a diferentes parcelas da população. Para Dias, estas soluções bastariam para melhorar o transporte no trecho previsto para o VLT.

Nova audiência para o VLT No dia 24 de abril, governo e Ministério Público se reúnem pela segunda vez este ano para discutir o futuro do projeto do VLT. Segundo Farias, na audiência de janeiro, da qual participaram representantes do governo do DF e do Metrô (responsável pela obra), foi dito que "o governo não sabia se as obras do VLT iam prosseguir, pelas dificuldades na licitação."

As irregularidades envolvem suspeitas de favorecimento na escolha das empresas do grupo Brastram para a execução das obras. E a falta de estudos que mostrem os impactos ambientais, já que o trem passará por uma área de vegetação vulnerável nas proximidades do zoológico. Além disso, a obra retiraria vagas de estacionamento ao longo de toda da avenida W3 e impactaria a circulação dos ônibus. Por essa via passam linhas de ônibus que atendem cidades dos arredores de Brasília, e são utilizadas por milhares de trabalhadores que trabalham no Plano Piloto.

Sem VLT, o governo já anunciou o "plano B": a licitação de 900 ônibus - o equivalente a um terço da frota atual - e a licitação para mais 600 licenças para táxi, o que traria um aumento substancial no contingente de 3.400 carros que fazem hoje esse serviço. 
Fonte: Portal 2014

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