A dupla função que alguns motoristas do transporte coletivo de Curitiba são obrigados a fazer no trabalho será tema de discussão hoje, quando o plenário discute o projeto de lei que proíbe que o motorista também faça a cobrança da passagem de ônibus. O objetivo da proposta, segundo o autor do projeto, vereador Denilson Pires (DEM), é prevenir acidentes e proteger a saúde do trabalhador.
Ontem, o Sindicato dos Motoristas e Cobradores nas Empresas do Transporte Coletivo de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), convocou a categoria para participar do debate e pressionar os vereadores na hora da votação do projeto. Há tempos o Sindimoc se manifesta contra a dupla função desenvolvida pelos motoristas.
Denilson Pires, que já foi cobrador de ônibus e presidente do Sindimoc, alerta para a dificuldade da função, especialmente com o tipo de trânsito enfrentado na Capital. “É absolutamente incompatível obrigar o motorista de transporte coletivo a efetuar cobrança de passagens, diante do paradoxo gerado pela pressão do cumprimento de horários e o constante aumento de fluxo de veículos”, justificou.
O tema, aliás, já foi motivo de discussão desde a semana passada. “A dupla função deveria ser banida. Motorista e cobrador devem trabalhar nos ônibus, inclusive para a segurança”, posicionou-se o vereador Pedro Paulo (PT), logo após a explanação de um outro projeto, do vereador
Jair Cézar (PSDB), sobre pagamento de salário diferenciado a motoristas que conduzem veículos fora do padrão.
Acidentes — Para embasar o seu projeto, Pires alerta sobre o aumento do número de acidentes no transporte coletivo. De acordo com o Sindimoc, ocorreram 784 acidentes em 2009, que deixou 571 feridos e, em 2010, foram 819 acidentes e 582 feridos. A frota de ônibus da Capital representa menos de 1% do total de veículos emplacados na cidade, mas estão em pelo menos 10% dos acidentes com vítimas.
Pires ainda apontou os casos de afastamento do profissional do trabalho, muitas vezes causados pela estafa. Afastamentos por estafa e depressão são muito comuns, chegando ao índice de 8% sobre o total de profissionais, segundo ele.
Salário diferenciado — Já o vereador Jair Cézar defendeu um requerimento para que o Executivo crie uma política de salários diferenciados para os motoristas que dirigem veículos fora do padrão, como os novos biarticulados azuis que fazem a linha Ligeirão. O requerimento de sugestão ao Executivo, submetido ao plenário na semana passada, foi aprovado. Um dos motivos da sugestão se baseia em prevenção quanto à sobrecarga ao profissional.
O terceiro-secretário da Câmara e motorista de ônibus por mais de 15 anos, vereador Jairo Marcelino (PDT), também se pronunciou. Sugeriu a redução de uma hora diária na jornada de trabalho, para beneficiar esses motoristas que dirigem veículos fora do padrão.
Fonte: Bem Paraná
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