Se o transporte público fosse de qualidade, 70,99% da população urbana brasileira que não usa esse serviço nos principais deslocamentos diários se tornaria usuário frequente do sistema coletivo. Para isso, eles exigem melhorias, principalmente, na rapidez (20,83%), na disponibilidade de linhas (15,67%) e no preço, ou seja, passagens mais baratas (9,22%). Conforto, horários mais estendidos e segurança também foram exigências colocadas pelos entrevistados. Apenas cerca de 24% afirmam que nada os faria utilizar o transporte público coletivo.
Os dados são da pesquisa Sistema de Indicadores de Percepção Social: Mobilidade Urbana, realizada pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada no dia 24 de janeiro.
Segundo o levantamento, que ouviu 2.770 brasileiros em todos os estados e no Distrito Federal, a disponibilidade e a rapidez ultrapassaram, juntas, 40% das preferências na região Nordeste. Com exceção dessa parcela do país, em que a indisponibilidade de linhas foi mais citada como condicionante principal ao uso do transporte individual, as demais regiões exigem, em primeiro lugar, a rapidez. Na terceira opção, o preço e o conforto aparecem juntos, com aproximadamente 15% das considerações. Entre os que afirmam que nenhuma opção os faria utilizar os transportes públicos, 32,5% são da região Centro-Oeste e 14,7% do Norte.
Marcio Pochmann, presidente do Ipea, enfatizou que a expansão da frota brasileira na última década se deu especialmente por meio de motos e automóveis.
- Houve também um crescimento no transporte coletivo, mas não na mesma proporção, visto que para cada ônibus novo colocado em circulação nos últimos dez anos, apareceram 52 automóveis - afirmou Pochmann
Para ele a população tem interesse em usar o transporte público, mas ainda precisa identificá-lo com características como rapidez, melhor preço e segurança.
Hoje os meios coletivos de transporte são utilizados por 44,3% da população, cerca de 85 milhões de brasileiros. O uso de carros aparece em segundo lugar, com 23,8%, e o de motocicletas em terceiro, com 12,6%. O percentual de pessoas que se locomovem a pé é de 12,3%, e a bicicleta aparece como última opção, com 7%.
Brasileiros estão insatisfeitos com o transporte público
De acordo com o estudo, mais de um terço da população brasileira (39%) considera o transporte público muito ruim ou ruim. No país, 31,3% acham o transporte regular e somente 2,9% consideram muito bom, enquanto 26,1% o consideram bom e 0,7% não souberam ou não quiseram opinar. A região Sudeste tem o menor percentual de entrevistados que acham o transporte muito bom, 1,8%, ao mesmo tempo em que conta com uma das piores avaliações: 45,9% de reprovação. No Norte há a melhor aprovação, com 7,6% que consideram o transporte público muito bom.
Fonte: Click RBS
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