O número de passageiros de ônibus em Belo Horizonte aumentou quase 10% nos últimos seis anos. Apesar disso, a frota, durante o mesmo período, cresceu pouco mais de 1%. Para os usuários, as estatísticas representam, na prática, a superlotação. Hoje, cerca de 4 mil viagens feitas por coletivos na capital em um dia útil – equivalente a 13% do total – levam mais pessoas do que o considerado aceitável pela Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans). O órgão pretende implantar, em fevereiro, um redimensionamento de horários para tentar resolver o problema.
Entre os passageiros que aguardam no ponto de ônibus, a reclamação é a mesma: em horário de pico é preciso se apertar para entrar no coletivo. A doméstica Maria Aparecida Gomes sempre enfrenta fila para embarcar no ônibus no início do dia, na linha 3053, que sai da estação BHBUS do Barreiro. “Nas férias, fica um pouco mais tranquilo, mas sempre é uma luta. Eu perco pelo menos cinco ônibus lotados antes de conseguir ir embora”, conta.
A presidente da Associação dos Usuários de Transporte Coletivo de BH e Região Metropolitana (AUTC), Gislene Gonçalves dos Reis, afirma que a demanda de passageiros não é atendida pela estrutura existente hoje. “A frota não corresponde à demanda. Eles têm feito a troca dos carros velhos por novos, mas várias linhas têm carência de viagens em horários de pico”.
Entre as reclamações mais recebidas pela associação, está a superlotação de ônibus e a escassez de horários, principalmente nas regiões mais distantes do centro da capital. “A integração não atende a toda a demanda, por causa da demora em conseguir embarcar. Às vezes, é impossível receber o desconto na segunda passagem, porque o ônibus não passa antes de vencer o prazo de uma hora e meia”, conta Gislene.
Segundo o engenheiro civil Renato Guimarães Ribeiro, há uma tendência de crescimento no número de passageiros nas principais regiões metropolitanas do país desde o início da década passada. Ele diz que o aumento é um fenômeno causado principalmente pelos incentivos dados pelos governos ao uso dos serviços de transporte público. “As grandes cidades estão investindo nas integrações. Assim, a rede se torna mais eficiente também no aspecto econômico, com os transbordos e as tarifas menores”.
Para tentar adequar a demanda ao serviço prestado, a BHtrans começou, há três meses, a fazer pesquisas sobre as linhas que podem ser consideradas sobrecarregadas. O último levantamento, analisando o serviço em toda a cidade, foi feito em 2001. Os técnicos estudam em quais casos será necessário ampliar a grade de horários.
“Há casos específicos de linhas que passam em estações a cada três minutos, mas, mesmo assim, saem cheias em horários de pico. Para resolver isso, vamos remanejar veículos e deve ser feita a ampliação da frota”, afirma Daniel Marx Couto, diretor de Desenvolvimento e Implantação de Projetos da BHtrans.
O pequeno crescimento da frota, segundo Couto, não diminuiu a qualidade do serviço. Para ele, a troca de veículos por outros maiores e a ampliação dos projetos de integração atenderam à demanda crescente. “Com o redimensionamento, há previsão de aumento de frota. Na volta às aulas, queremos estar com o atendimento adequado em todas linhas”, afirma.
Fonte: Hoje em Dia
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