O Grande Circular II está lotado bem fora do horário de pico. Por volta das 11h30min, Tânia Freire, 29, grávida de seis meses, sobe bem próximo ao Terminal Papicu e não consegue lugar. Ela fica encostada na cadeira amarela, a de prioridade. Mas o garotinho de 10 anos, no assento, não oferece o lugar.
“É de rotina (ir em pé)”. Mas não deveria ser. “Nem sempre tem cadeira e tenho que ir em pé. Falta coragem para exigir (os direitos)”, diz ela, enquanto tenta se equilibrar no ônibus, apertado de passageiros. O menino finge que não ouve os apelos da repórter. Só então o senhor, ao lado do garotinho, oferece a cadeira.
O espaço coletivo é mais que propício para o exercício da cidadania. Em Fortaleza, entretanto, é exatamente o contrário que ocorre. Das 6 horas às 8h30min, é fácil encontrar em cada um dos Terminais de Integração empurra-empurra e filas sendo desrespeitadas. É habitual, quase ninguém reclama. Às 7h30min de uma segunda, no Terminal Conjunto Ceará, a fila da linha Conjunto Ceará/ Aldeota é um caos. No espaço reservado para as duas fileiras, há quatro. Na fila de prioridade, há adolescentes. Quando o ônibus chega, é o salve-se quem puder. “Falta levar a gente!”, reclama uma senhora. Um adolescente aproveita o descuido de uma moça na fila e rouba o lugar.
“A ‘consciência’ é tanta que a pessoa do idoso fica em pé, é empurrada. Esses jovens têm de que se lembrar que um dia vão envelhecer também”, lamenta o aposentado Antônio de Moreira Braga, 64. “É cada vez mais normal ver jovens sentado nessas cadeiras (de prioridade)”, diz. A sorte dos idosos, segundo o aposentado, é que alguns motoristas vão em socorro das pessoas com prioridade. “Teve um dia que o motorista disse que só saía quando eu me sentasse. Num instante uma mocinha deu o lugar”.
Fonte: O Povo Online
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