Você conhece a onda verde? Ela é formada pelos sinais de trânsito sincronizados em algumas avenidas do Recife para evitar a retenção de veículos. Uma boa ideia contra congestionamentos, certo? Mas muitos motoristas não ajudam na hora de pegar a maioria dos sinais abertos: é o que mostra a penúltima reportagem da série ‘Marcha Lenta’.
A sincronização dos semáforos é um desafio permanente para os técnicos e engenheiros da Companhia de Trânsito e Transportes Urbanos (CTTU) do Recife. A rotina deles é repleta de cálculos, projeções e planejamento, para tentar desafogar o trânsito da cidade. É um grande volume de carros: só pela Avenida Agamenon Magalhães passam todos os dias 82 mil veículos; 57 mil circulam diariamente pela Domingos Ferreira e mais 38 mil na Conselheiro Aguiar.
Cada pontinho que aparece na tela de trabalho dos técnicos representa um semáforo do Recife. São 637, ao todo, espalhados pela cidade, todos acompanhados atentamente da Central de Monitoramento da CTTU. É nesse local que a equipe de operadores, que se revezam durante 24 horas, pode identificar os defeitos, alterar o tempo e a programação dos sinais, se houver necessidade, e ainda simular algumas ações para melhorar o trânsito. Uma delas é a sincronização.
Muitos motoristas não percebem, mas todos os semáforos de avenidas como a Rosa e Silva e Rui Barbosa, na Zona Norte, são programados para funcionar em sincronia. Esse sistema permite trafegar numa via com todos os sinais abertos para o condutor. Em boa viagem, as principais avenidas têm o mesmo planejamento.
“O Recife não foi uma cidade projetada,então as vias têm cruzamentos distintos, distantes, o volume de veículos que se apresentam nos cruzamentos é diferente. Pra ter uma onda verde satisfatória, todos esses fatores deveriam ser iguais. Fica difícil se ter uma onda verde, porém é possível se aproximar dela”, informou o gerente de Manutenção de Semáforos da CTTU, Nelson Nogueira.
Nas avenidas Domingos Ferreira e Conselheiro Aguiar são 58 sinais sincronizados. Quem seguir pela Domingos Ferreira a uma velocidade média de 50km/h vai pegar todos os semáforos abertos: é a onda verde na prática. Quando ela funciona, facilita e muito a vida dos motoristas, mas nem sempre é isso que acontece. E por que?
“São veículos que executam manobras irregulares, que param em locais proibidos, que quebram, pavimentos apresentando falhas. Tudo isso interfere na circulação e os sinais não conseguem funcionar satisfatoriamente em seu sincronismo”, responde Nelson. A tecnologia ajuda, mas, sozinha, não é capaz de transformar. “Eu acho que a conscientização é o primeiro passo para destravarmos esse problema.
Precisamos conscientizar a sociedade do custo que ela está provocando com esse uso exacerbado de veículos e mostrar as alternativas que são extremante saudáveis, que contribuem para uma cidade mais agradável de se viver, mais atrativa, mais economicamente dinâmica. E não essa cidade que estamos construindo, que é uma cidade que vai, em alguns anos, sofrer problemas sérios de circulação”, opinou o chefe do Departamento de Arquitetura da UFPE, César Cavalcanti.
Fonte: PE360graus.com
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