A recente investida do governo de Blumenau no sentido de proibir a circulação de ônibus intermunicipais em nossa cidade explicita o caos, estrutural e metodológico, em que está submerso o transporte público em nossa região. A medida, além de inócua do ponto de vista da melhoria da qualidade do transporte, prejudicaria de forma direta os moradores da região metropolitana que, diária ou ocasionalmente, fazem uso de ônibus para se deslocar a Blumenau, ou dela para outras cidades.
A mobilização dos municípios vizinhos e de várias entidades de representação da população, somada à nossa atuação na Câmara de Vereadores logrou deter esta proposta absurda. Obtivemos também, a duras penas, o compromisso de que nenhuma nova iniciativa será encaminhada sem a realização de estudos técnicos e principalmente sem a consulta aos setores diretamente interessados.
Esta crise do transporte público é resultado de uma gestão incompetente, despreparada para lidar com o crescimento econômico e estrutural, que advém da ótima fase que o país vive, e desinteressada na melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores. A prefeitura de Blumenau ainda não percebeu o que é claro: o transporte público não é um problema e sim parte da solução para o engargalamento do sistema viário de nossa região.
Não convenceremos as pessoas a largarem seus carros para entrar num sistema caracterizado por ônibus em que passageiros são transportadas como carga comum, sem segurança e com horários incertos. Ao mesmo tempo, a melhoria do sistema não pode estar condicionada aos valores das tarifas praticados pelas concessionárias.
Pela importância estratégica, o transporte coletivo deve ser objeto de uma enérgica intervenção do poder público. Isto implica além da melhoria de fiscalização, métodos e no investimento de recursos públicos que paguem parte dos custos do transporte coletivo, oportunizando um sistema confortável, confiável e barato.
O aporte de verbas públicas deve ser acompanhado por uma gestão mais democrática do sistema, através de conselhos deliberativos compostos por governos, sindicatos, usuários e operadores do sistema. Compreendamos o transporte público como elemento fundamental para o desenvolvimento de uma região metropolitana humanizada, saudável e acessível a todos os moradores.
Fonte: Diário de Santa Catarina
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