Quatro avenidas do Vetor Norte de Belo Horizonte e pelo menos três da área central deverão receber o Transporte Rápido por Ônibus (TRO) ou Bus Rapid Transit (BRT). O sistema, que promete melhorar o transporte público da cidade, tem investimento previsto de R$ 493 milhões e deverá estar implantado até 2012. Até o momento, a Prefeitura já abriu licitação para elaboração de dois dos projetos executivos da obra, o das Avenidas Antônio Carlos/Pedro I - com projeto em andamento - e o das Avenidas Pedro II/Carlos Luz - que ainda está em licitação.
Com a implantação do sistema, a expectativa é de que a velocidade média dos coletivos aumente em mais de 40%, passando de 14 quilômetros por hora para 25 quilômetros por hora, em vias fora do Centro, e de seis para 20 quilômetros por hora dentro da região. De acordo com o gerente de Coordenação de Mobilidade Urbana da BHTRANS, Rogério Carvalho e Silva, o ganho de tempo com a estrutura será nos processos de embarque e desembarque e pagamento de tarifas e, principalmente, no trânsito: "Os ônibus não vão mais concorrer com os carros de passeio. Terão vias só para eles."
O TRO funciona em algumas cidades do mundo e tem experiência pioneira em Curitiba, no Paraná, que implantou o sistema em 1974. A lógica de operação é destinar vias exclusivas para os ônibus - maiores e, geralmente, articulados. No lugar de pontos de ônibus, são instaladas estações ou plataformas em desnível com a rua, mas na mesma altura das portas dos coletivos. Assim, o usuário não tem que subir e descer escadas. Outra diferença é a forma de cobrança de tarifas. O passageiro paga antes de embarcar, evitando o atraso provocado nas atuais roletas, em que são formadas filas de pessoas à espera de sua vez. De acordo com Rogério Carvalho, cada ônibus terá capacidade para cerca de 160 pessoas.
Segundo o gerente da BHTRANS, o Vetor Norte está sendo priorizado no projeto devido às mudanças que serão provocadas com a ida do Governo do Estado para a Cidade Administrativa, no Bairro Serra Verde, em Venda Nova, o aumento do uso do Aeroporto de Confins e a realização da Copa do Mundo, que vai utilizar o estádio do Mineirão, na Pampulha. No entanto, diz, o objetivo é expandir o sistema para outras vias, como Amazonas e Tereza Cristina.
O projeto das Avenidas Antônio Carlos/Pedro I já está sendo desenvolvido e, conforme Rogério Carvalho, não terá tantas obras porque irá aproveitar as intervenções que estão sendo feitas no momento. Desapropriações só estão previstas para o projeto das Avenidas Pedro II/Carlos Luz. O corredor Antônio Carlos/Pedro I deverá ter entre 20 e 25 plataformas de embarque/desembarque. Pelo percurso, passam, hoje, cerca de 400 mil passageiros por dia. As obras para o TRO na via devem começar no início de 2011 e serão em 25 quilômetros - até a Estação Vilarinho.
Para o professor de Planejamento de Transportes do Cefet-MG, Frederico Rodrigues, para países em desenvolvimento, como o Brasil, o TRO é a melhor solução quando analisados custo/benefício: "Com o que se gasta em um quilômetro de metrô, se constrói dez quilômetros de BRT". Segundo ele, todas as vias da capital têm condições de receber o sistema, já que a cidade é radial - os corredores se destinam ao Centro. O professor observou que a referência mundial em TRO é Bogotá, na Colômbia, que tem o Transmilênio inspirado no modelo de Curitiba.
Fonte: O Dia
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