Há quase oito meses era implantado o novo sistema de transporte coletivo da capital, com promessas de ônibus menos lotados e intervalos mais curtos entre as viagens. No entanto, as medidas não têm sido cumpridas pelos consórcios prestadores do serviço, e, como agravante, a Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) reconhece que a fiscalização é falha.O sistema atende a 1,4 milhão de usuários. Ontem, a reportagem de O TEMPO percorreu, das 6h30 às 8h, um trajeto da Pampulha à praça Milton Campos, na região Centro-Sul da capital, em duas linhas de ônibus. O mesmo itinerário foi feito em novembro do ano passado, logo após as novas regras entrarem em vigor. Passados mais de sete meses, ambas as linhas continuavam com lotação acima do permitido, ou seja, cinco passageiros por metro quadrado. Na linha 2402 (São Bernardo/Nossa Senhora da Glória), alguns usuários viajavam em pé nas portas e não havia como caminhar dentro do veículo. Alguns passageiros tiveram que descer pela porta da frente. Segundo os passageiros, a superlotação da linha é causada pelo descumprimento do quadro de horários. "O ônibus não passa na hora certa. Ligamos para a BHTrans, mas nada é feito", disse a auxiliar de dentista Geane Vieira, 28. Na avenida Afonso Pena, pontos cheios às 7h10. Na linha 4103 (Aparecida/Mangabeiras), o cenário era de caos. O veículo, que já vinha cheio do bairro Aparecida, lotou ainda mais no centro. O coletivo, com capacidade para 70 passageiros, transportava cerca de 90. "Hoje, por ser sexta-feira e os universitários já estarem de férias, ainda está menos cheio do que em outros dias, em que vamos prensados nas portas", contou a doméstica Cláudia Costa Santana, 37. A linha 4103 é a única opção para a recepcionista Cristiana Damasceno Araújo, 30, que trabalha no Instituto Hilton Rocha. Ela já cansou de reclamar junto à BHTrans sobre a superlotação, sem ter retorno. "Já telefonei e enviei e-mail diversas vezes, mas nunca me deram uma resposta. Na Afonso Pena, deixo até três ônibus passarem para conseguir embarcar", conta. No Barreiro, a situação também continua crítica. O frentista Paulo Marcone, 28, mora no bairro Jatobá. Ele utiliza diariamente as linhas que partem da Estação Diamante e afirma que o problema é a superlotação. "As filas e os ônibus que rodam sem caber mais ninguém não mudaram em nada desde novembro. A única coisa que mudou foi a pintura dos carros", ironizou.
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