Quem depende do transporte coletivo na Região Metropolitana de Belém (RMB) encontra uma série de dificuldades diárias que já se arrastam há décadas.Durante três dias, o DIÁRIO entrevistou usuários, técnicos e trabalhadores sobre a situação dos ônibus em Belém. Nossa equipe constatou que a insatisfação com o sistema de transporte coletivo é sentida por grande parte da população.As reclamações começam antes mesmo de entrar nos coletivos. “Temos que ficar no meio da rua fazendo sinal para que o motorista nos veja. Mesmo assim, ainda tem muitos motoristas que nos ignoram e queimam as paradas”, disse a doméstica Suely Costa, justificando porque é tão comum ver usuários no meio das ruas para tentar chamar atenção dos coletivos.Os motoristas, por outro lado, alegam que a culpa não é deles, e sim da Companhia de Transportes do Município de Belém (CTBel), uma vez que é ela que estipula prazos de saídas e chegadas. “Temos que cumprir um horário muito apertado. E do jeito que o trânsito está hoje em Belém, não tem como evitar os atrasos. Então às vezes temos que queimar paradas para não atrasarmos o roteiro”, explica o motorista Laurindo Melo.Délcio Farias, assessor técnico do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém - SetransBel, concorda com o rodoviário. Segundo ele, há mais de duas décadas a CTBel não faz uma revisão nos horários que os rodoviários têm que cumprir. “O motorista que faz a linha Marituba Ver-o- Peso tem o mesmo tempo de outro que faz um percurso bem menor. A cidade cresceu, não é como era há 20 anos. A CTBel precisa reorganizar essa planilha de horários”, avalia Farias. >> População reclama também de paradas sem abrigo e da sujeiraPara os usuários dos coletivos em Belém, além das queimas de paradas, outros problemas demonstram descaso dos órgãos competentes. “É uma humilhação ter que ficar horas esperando o ônibus sem nenhum conforto. Temos que encarar a chuva, o sol, além dos problemas de todos os dias”, disse Nazaré Silva. Ela e muitos outros usuários citam a falta de pontos cobertos como um dos problemas da cidade. Sobre essa questão, o diretor de transportes da CTBel, Walter Campos, confirma que, dos 1.500 pontos de paradas de ônibus existentes na RMB, apenas um terço dispõe de abrigo e oferecem melhores condições de conforto. “A prefeitura tem um projeto de revitalização nos abrigos de ônibus, o que já acontece desde 2007. Aproximadamente 500 paradas já foram reestruturadas e a meta é continuar e construir novos abrigos para a população”, garantiu Campos.Os passageiros dizem que dentro dos coletivos a situação também não é nada agradável. “A passagem aumentou e a sujeira nos ônibus também. Além disso, ainda temos que respirar a fumaça poluída que eles soltam”, reclama a dona-de-casa Dilza Cunha.
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