A estimativa é que 4,8 milhões de passegeiros tenham sido prejudicados pela greve no Metrô e na CPTM nesta quarta. O número corresponde aos 4 milhões de transportados por dia pelo Metrô e 850 mil que utilizam as linhas 11-coral e 12-safira da CPTM.
Durante a assembleia, foram votadas três opções: aceitar a proposta e encerrar a greve, não aceitar a proposta e manter a paralisação ou suspender a greve e manter a negociação. A primeira foi aprovada pela maioria dos metroviários.
Inicialmente, o Metrô tinha oferecido reajuste de 4,65%, enquanto o sindicato pedia 20,12%. A nova proposta, no entanto, foi apresentada a assembleia da categoria, que concordou em retornar ao trabalho.
Com a greve de hoje, a operação foi parcial no metrô. A linha 1-azul funcionou entre as estações Ana Rosa e Luz, a linha 2-verde entre a Ana Rosa e Clínicas, e a linha 3-vermelha operou entre as estações Bresser-Mooca e Santa Cecília --todas com velocidade reduzida e maior intervalo de espera.
As linhas 5-lilás e 4-amarela --que é operada por concessionária privada-- funcionaram normalmente durante a manhã, mas também com velocidade reduzida.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse em entrevista ao "Bom Dia Brasil", da TV Globo, que "a população está sendo cruelmente punida por um grupelho radical que descumpre ordem judicial".
Segundo o presidente do sindicato, Altino Prazeres Júnior, os funcionários vão retornar aos seus postos com calma e tranquilidade.
CPTM
As linhas 11-coral e 12-safira da CPTM, porém, continuam pararadas nesta quarta-feira. Uma audiência está marcada para às 17h no TRT entre representantes da CPTM e do sindicato. Em seguida, será realizada uma nova assembleia para que os funcionários decidam se aceitam a nova proposta da companhia.
Segundo a CPTM, cerca de 850 mil pessoas foram afetadas pela paralisação nesta quarta das duas linhas --que ligam o centro de São Paulo a cidades da região metropolitana, passando pela zona leste.
A categoria quer reajuste salarial superiores a 6,17% --valor oferecido pela CPTM-- e o aumento no vale refeição, entre outros pontos.
Com a paralisação, a SPTrans acionou o Paese, com ônibus extrar para atender os passageiros dessas linhas. Para atender a linha 1-coral há 30 ônibus operando entre as estações Brás e Guaianases. Já na linha 12-safira, há 30 ônibus entre o Brás e o Itaim Paulista.
Os funcionários das linhas 8-diamante e 9-esmeralda, também da CPTM, decidiram entrar em estado de greve, o que significa que a partir de hoje eles usarão coletes e distribuirão material informativo sobre a possibilidade de greve.
TRANSTORNOS
Com a paralisação, o trânsito ficou complicado e atingiu recorde histórico às 10h, com249 km de filas. O recorde anterior era de 191 km registrados em 4 de novembro de 2004, quando a cidade sofreu os efeitos da chuva e dos alagamentos.
O sistema de ônibus também ficou sobrecarregado e os veículos superlotados. Revoltados com a situação, passageiros fecharam a Radial Leste, uma das principais vias da zona leste, entre as estações Itaquera e Artur Alvim da linha 3-vermelha, que não abriram.
Os pneus de alguns ônibus foram furados para impedir o tráfego na via. Para dispersar o grupo, a Polícia Militar usou bombas de efeito moral nos manifestantes. Ao menos duas pessoas foram detidas e uma mulher ficou ferida.
Outro protesto foi realizado na frente da estação Jabaquara da linha 1-azul, que amanheceu fechada. Passageiros juntaram uma pilha de papelão e jornais e colocaram fogo no material. Um grupo tentou forçar as portas da estação.
Sem metrô e com ônibus lotados, algumas empresas se mobilizaram para garantir que parte dos funcionários chegue ao trabalho. Na estação Itaquera (zona leste) da linha 3-vermelha, que amanheceu fechada, atendentes de três empresas de call center esperavam o transporte prometido pelos empregadores.
INVESTIGAÇÃO
O Ministério Público informou que vai apurar a responsabilidade dos sindicatos dos metroviários e ferroviários na greve de hoje. Com isso, foi encaminhado um ofício aos sindicatos solicitando informações sobre a greve e, especialmente, sobre as razões do desrespeito à ordem judicial que obrigava a categoria a manter 100% do efetivo nos horários de pico (das 5h às 9h e das 17h às 20h) e 85% nos demais horários.
Segundo determinação da desembargadora Anélia Li Chum, em audiência realizada ontem na Justiça do Trabalho, em caso de descumprimento, estava estipulada multa diária de R$ 100 mil. Ontem mesmo o sindicato já tinha dito que a decisão não seria cumprida.
A investigação deverá ser feita pelos pelos promotores de Justiça Gilberto Nonaka (Consumidor), Mauricio Antonio Ribeiro Lopes (Habitação e Urbanismo) e Walter Foleto Santin (Patrimônio Público e Social).
Folha.com