Tensão
As obras ainda nem começaram, mas a população já está temerosa. O administrador Ellison Costa Machado, de 31 anos, mora no Passaré, bem próximo ao Castelão, e está apreensivo.
"O trânsito de Fortaleza já está em colapso e com essas obras da Copa a situação só irá piorar". Machado conta que nos domingos e feriados, o trajeto de sua casa para o trabalho, no bairro Dionísio Torres, é feito em 15 minutos. No dia a dia, no entanto, demora uma hora. Isso se não tiver nenhuma colisão.
O coordenador do Transfor, Daniel Lustosa, assegura que as intervenções vão dar uma sustentabilidade para que a cidade possa ter uma mobilidade satisfatória. Para minimizar transtornos, afirma que as obras serão feitas por etapas, evitando que vias sejam completamente interrompidas. Quando tiver que interromper momentaneamente, diz que será dada opção para que as pessoas se desloquem. "As obras vão acontecer dentro do prazo previsto, mas a cidade tem que se movimentar".
O valor total a ser gasto com as obras de mobilidade urbana que competem à Prefeitura é de R$ 261,5 milhões. Desse valor, R$ 206,6 milhões são provenientes da Caixa Econômica Federal e R$ 54,9 milhões da Prefeitura.ESPECIALISTAS OPINAM
O problema será resolvido?
Com tantas intervenções previstas para ocorrerem na cidade, uma pergunta que muita gente se faz é se essas medidas irão resolver o problema do trânsito de Fortaleza. Para o Ministério Público Estadual (MPE) não resolve, mas proporcionará uma melhor fluidez do tráfego.
"Onde o solo e o terreno comportarem, a solução para o problema do trânsito de Fortaleza são as passagens subterrâneas e os viadutos. Apesar de não resolverem, não restam dúvidas de que melhoram a situação", declara o promotor Gilvan Melo. Ele defende que, mais cedo ou mais tarde, a Prefeitura terá de pensar em fazer um rodízio de carros. Avisa ainda que o Ministério Público estará de olho nas obras que visam o Mundial de 2014 e, caso as intervenções prejudiquem o trânsito, informa que o órgão irá intervir.Planejamento
Carla Girão, mestre em Urbanismo e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza (Unifor), afirma que os projetos de mobilidade da Copa são pontuais e fragmentados, implantados sem que tenha um planejamento macro para a cidade.
Sobre os túneis da Via Expressa, diz que vai amenizar o problema de alguns cruzamentos, mas não resolverá o problema. "O projeto da Via Expressa prevê via preferencial para ônibus? A questão é o transporte coletivo e não o individual". A especialista critica o governo por anunciar intervenções pontuais como se fossem projetos para a cidade, quando não são, e por mudar o processo em andamento de pensar a cidade, que está expresso no Plano Diretor de Fortaleza, criado em 2009. Com isso, quando o evento terminar, a cidade não vai saber quais frutos irá colher.
"O Plano Diretor vem sofrendo remendos a revelia da população, inclusive para se adaptar aos projetos da Copa".
Não restam dúvidas que as intervenções trarão melhorias para o trânsito da Capital, que vive situação caótica. O cenário diário é o mesmo, de extensos congestionamentos registrados nos principais corredores da cidade a qualquer horário do dia.
O problema é que, como as intervenções serão realizadas simultaneamente, até que sejam concluídas, o desafio será conseguir se locomover na cidade.
A Via Expressa receberá três túneis, nos cruzamentos com as avenidas Santos Dumont, Pe. Antonio Tomás e Alberto Sá. Já a Avenida Dedé Brasil ganhará dois túneis, no cruzamento com a Avenida Paulino Rocha e o metrô da linha sul, e um viaduto, na confluência com a Avenida Osório de Paiva. Está previsto ainda um viaduto no cruzamento das avenidas Raul Barbosa com Murilo Borges.
Tem ainda os projetos do Transfor, que preveem na Avenida Engenheiro Santana Júnior um túnel no cruzamento com Avenida Pe. Antonio Tomás e um viaduto com a Avenida Antonio Sales. Será construído ainda um túnel na confluência da Rua Eduardo Perdigão com Avenida Osório de Paiva.