Para isso, eles têm que passar, pelo menos, por um dos 13 terminais de integração. Terminais onde reclamações de longas filas e os ônibus lotados são comuns. O repórter Sérgio Borges fez o percurso de uma das linhas que transportam mais passageiros: a PE-15/Afogados.
Ele pegou o ônibus no Terminal de Integração da PE-15, em Olinda, no começo da manhã e foi até o Terminal de Afogados, no Recife. Depois, fez o caminho de volta bem no horário de grande movimentação, às 18h30.
O primeiro passo, logo no início da manhã, foi ir para o final da fila, já bastante extensa. "Sempre tem briga, confusão, tudo. É um inferno", reclamou a camareira Lindinalva Soares. "Eu passei só 20 minutos para chegar no ponto de embarque. Aqui tem três empresas atendendo, mas a gente sofre com a falta de ônibus", contou a auxiliar de serviços gerais Abel de Oliveira
O ônibus, lotado, tem trabalhadores que voltam para casa e estudantes que vão para as faculdades depois do trabalho. "A dificuldade é sempre grande para a gente aguentar a viagem", disse a manicure Débora Dias.
A capacidade do coletivo é de 80 - sendo 40 sentadas e 40 em pé, mas o número de passageiros ultrapassa. "É fora da realidade usar um ônibus lotado assim", reclamou o enfermeiro Wellington Virgílio. "Eu pago um preço caro de passagem, mas não tenho segurança, viajo em pé", contou a empregada doméstica Maria José Gomes.
A viagem estava prevista para durar 50 minutos, mas o horário não foi respeitado. "É impossível alguém chegar bem arrumado no trabalho", reclamou a recepcionista Lenice Lira.
Na volta, a reclamação é a mesma. Para muitos, a jornada nem terminou. No fim do dia, muitos estudantes ainda vão para a faculdade. Às 18h35, o primeiro passo é ir lá pro final da fila - uma fila que já está bastante extensa a essa hora, até porque muita gente acaba de sair da estação do metrô.
O ônibus lotado tem trabalhadores que voltam pra casa e estudantes que vão para as faculdades depois do trabalho. “Pego na faculdade às 19h, mas saio de casa às 16h, senão não chego na aula”, disse o estudante Deivson Ferreira.
Os passageiros seguiram reclamando do número de pessoas dentro do ônibus. “A pessoa larga do emprego, sai. Entra no ônibus quase sendo pisoteada”, contou a técnica judiciária Ione Paixão. “Tem dia que a gente fica lá na frente, que não aguenta passar”, contou o cabeleireiro Glauber dos Santos.
Como se não bastassem o aperto e o calor, o barulho dos freios do ônibus também incomoda. É preciso ter muita paciência com o trânsito congestionado. Tem gente que não resiste ao cansaço e dorme no ônibus, e, quem sabe, sonha com a ideia de um caminho livre para o transporte coletivo.
De acordo com os passageiros, neste dia tivemos sorte porque a lotação costuma ser bem maior. “Acho que não cabe nem pensamento. Você paga uma passagem caríssima e fica lotado o ônibus”, reclamou o auxiliar de atendimento Brener Lima.
A garçonete Luciene Brito, com um olhar que revela o cansaço, contou que passou o dia no trabalho e espera o segundo ônibus para chegar até sua casa. “A espera, ainda, é cansativa”, concluiu.
De acordo com a diretora de Operações do Grande Recife, Taciana Ferreira, a linha PE-15/Afogados funciona com 35 veículos, sendo oito estendidos, conhecidos como sanfona. “O intervalo estimado é de cinco minutos, a partir das 5h. No entanto, é preciso verificar, ao longo da viagem, os congestionamentos. Não há nenhum trecho com faixa exclusiva para veículos públicos. A capacidade do veiculo são de 80 lugares, sendo 40 sentados e 40 em pé. A super lotação se dá devido à irregularidade do horário. Para melhorar, três corredores são previstos. Até 2012, é esperado que todos estejam concluídos”, falou.