A tarifa dos trens da SuperVia deve subir R$ 0,50 em 2025 e chegar a R$7,60. A informação consta num ofício enviado pela empresa à Agetransp, a agência que regulamenta o setor. O documento, obtido com exclusividade pela CBN, trata do reajuste ordinário do valor máximo unitário da tarifa padrão, ou seja, qual o valor da passagem máxima, desconsiderando subsídios ou benefícios sociais. Nesse cenário, os trens chegariam a ficar mais caros que o metrô, cotado hoje em R$7,50.
A medida começaria a valer a partir de fevereiro do ano que vem. De acordo com o contrato de concessão, as tarifas da SuperVia deverão ser reajustadas anualmente, no mês de novembro, seguindo a variação do IGP-M da Fundação Getúlio Vargas. Dessa forma, considerando o valor atual da passagem, de R$7,10, mais 6,33%, o valor total arredondado chegaria a R$ 7,60.
Para o reajuste começar a valer, é preciso que a Agetransp homologue. No entanto, o cálculo já foi aprovado na Câmara de Política Econômica e Tarifária da Agência e, por ser uma definição contratual, é difícil que o valor seja revisto. Segundo a Câmara, o pleito da SuperVia “está fundamentado no Contrato de Concessão e em seus Termos Aditivos” e não foram encontradas divergências na fórmula apresentada.
A possibilidade de reajuste desagradou usuários, que reclamam da qualidade do serviço oferecido. Entre as principais queixas estão a qualidade dos trens, insegurança e os atrasos recorrentes.
Patricia Menezes mora em Campos Elíseos, em Duque de Caxias. Ela usa o trem diariamente e diz que o valor cobrado não faz jus ao serviço prestado.
"A gente tem uma baldeação desnecessária no nosso ramal, que é entre Saracuruna e Gramacho, que quando tem os primeiros trens diretos funciona perfeitamente, porque durante o dia não pode funcionar? Atrasos praticamente todos os dias, nunca tem um horário certo, é estimativa, isso não existe. Os problemas agora são portas sem vidros, assentos sem as tampas, assaltos. Hoje mesmo uma passageira relatou que tinha um pessoa assaltando num trem de manhã, saiu correndo, uma menina quase ficou sem telefone. Não é justo e nunca vai ser, porque eles não oferecem serviço de qualidade pra gente", afirma.
Atualmente, o Estado banca o subsídio da 'Tarifa Social'. Pessoas entre 5 e 64 anos com renda mensal inferior ou igual a R$3.205,20 têm direito a pagar menos em transportes geridos pelo Estado, como os trens, metrô e barcas. No caso dos trens, o valor fica em R$ 5 para quem tem o benefício.
A CBN apurou que o metrô ainda não definiu o valor do reajuste para 2025. Pelo contrato, o cálculo é feito pelo IPCA do IBGE, com base na inflação. Se consideramos o valor atual, de R$7,50, e o índice acumulado até novembro, de 4,29%, o valor subiria hoje para R$ 7,82. Hoje, a tarifa já é a mais cara do país.
O valor alto já vem preocupando a própria MetrôRio, que enviou ofício ao governo estadual sobre a implementação do Jaé nas catracas do metrô, a empresa cita uma disparidade entre o preço cobrado no metrô e nos ônibus da cidade. No documento, a concessionária cita que a diferença entre o valor da tarifa metroviária e da tarifa dos modais municipais, que era de 13% em 2019, passou para "insustentáveis" 74% em 2024, devido ao subsídio universal oferecido pela prefeitura.
A situação, segundo o MetrôRio, tem levado o sistema de transportes a uma situação de grave desequilíbrio e aumento de custos. Apenas nos últimos 6 meses, a demanda metroviária, desconsiderados os passageiros que utilizam a Tarifa Social, caiu 10%.
Hoje, sem a integração do Jaé com o metrô, a empresa teme que a falta de política de integração tarifária entre os modais estaduais e municipais agrave esse problema.
Informações: CBN
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