O metrô do Recife está demorando mais e operando mais cheio. A afirmação é do Sindicato dos Metroviários (Sindmetro), que, nesta quarta-feira (21), às 18h, fará uma assembleia na Estação Central para discutir não só a campanha salarial da categoria e a possibilidade de greve, mas também a situação do sistema, que transporta cerca de 350 mil passageiros por dia.
Conforme a entidade, a redução no quantitativo de trens e viagens ultrapassa 30% em relação ao praticado até bem pouco tempo, nos primeiros meses do ano. Com isso, só 35% da frota está atendendo aos usuários. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) reconhece as mudanças e as atribui à falta de peças, que tem deixado várias composições sem funcionar.
A Linha Centro, com 19 estações e dois ramais - Jaboatão e Camaragibe -, já contou com 15 trens e intervalo de três minutos nos horários de pico. Mas, atualmente, segundo o Sindmetro, o quantitativo de trens caiu para até oito, e os intervalos subiram para dez minutos. Na Linha Sul (Cajueiro Seco), com 12 estações, a situação é mais dramática: o total de trens caiu de oito para quatro, e a espera, que demorava até oito minutos, chega a 20.
Os passageiros confirmam as dificuldades. "Não tem mais hora para o trem vir cheio. Largo por volta das cinco, seis horas da tarde, e está superlotado. No sábado, largo pouco depois do meio-dia e também está", afirma o vendedor Guilherme Parízio. O motorista Jediael Figueira completa. "Na empresa em que trabalho, é comum o pessoal que usa metrô chegar atrasado. Os trens estão demorando mais", diz.
O metrô do Recife conta com um total de 40 trens, 25 deles da frota antiga, dos anos 80, e 15 com operação iniciada em 2013. É normal que nem todos funcionem ao mesmo tempo por questões de escalas de trabalho dos maquinistas e necessidade de manutenção. O que chama atenção atualmente, contudo, é que há mais composições nas garagens do que operando. Só 14 das 40 estão atendendo aos passageiros, número que, antes, era de 24 ou mais. "A operação foi reduzida nas últimas semanas, inclusive sem qualquer aviso aos usuários. É fruto de um sucateamento que a CBTU vem passando", critica o presidente do Sindmetro-PE, Getúlio Basílio.
Em 2016, o sistema correu o risco de parar nos fins de semana por falta de recursos. A situação só foi amenizada em junho, quando o Ministério das Cidades anunciou um alívio de R$ 30 milhões para a CBTU Recife. Além disso, também houve a promessa de remanejar R$ 60 milhões em verbas do PAC para ações emergenciais.
Na época, a manutenção já era um problema. Sindicalistas denunciaram que peças de trens velhos eram usadas para manter os novos funcionando porque não havia dinheiro para adquirir equipamentos de fábrica.
Em nota, a CBTU informou que peças de reposição já foram contratadas, estão em processo de fabricação e fornecimento e têm chegado de forma gradativa. A empresa ainda afirmou que alguns serviços “estão sendo executados, inclusive a retificação dos motores da frota antiga", e que essas providências "devem surtir efeito nos próximos meses", reduzindo o intervalo entre os trens. A CBTU disse que as ações integram um plano de recuperação do sistema, “que sofreu degradação por vários anos por falta de recursos". Sobre os R$ 60 milhões, esclareceu que recursos do PAC são para investimentos e não podem ser usados para custear o sistema.
Informações: Folha PE
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