Números da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) mostram que em um ano de operação, o Move fez crescer em 0,8% o número de passageiros de ônibus na capital. O sistema é a principal aposta para reverter a queda de usuários no transporte por ônibus, que, em três anos, perdeu mais de 75 milhões de viagens individuais. Mas, segundo especialistas, se quiser fazer com que milhares de pessoas troquem o carro pelo transporte coletivo, a Prefeitura de Belo Horizonte terá que tirar do papel os investimentos previstos no Plano Diretor de Mobilidade Urbana (PlanMob), que estão estagnados.
O Move foi inaugurado em março de 2014. Nos 12 meses anteriores, foram transportados 441 milhões de passageiros nos ônibus de Belo Horizonte. Um ano depois, esse número passou para 445 milhões – 0,8% a mais. O resultado, apesar de tímido, reverte a tendência de queda de usuários no sistema que se intensificou a partir de 2011 e é uma das metas do PlanMob.
“A concorrência com o veículo particular não é fácil, mas é um dos objetivos do Move. A nossa meta é conseguir pelo menos evitar a tendência de queda, agora conseguimos inverter essa curva, mesmo que discretamente”, afirmou o diretor de transporte público da BHTrans, Daniel Marx. Ele garante que o Move tem capacidade para receber mais usuários com a estrutura atual já instalada.
Investimentos. Apesar do otimismo do diretor, especialistas em transporte público afirmam que, se não houver novos investimentos em ampliação do Move e das linhas de metrô da capital, não haverá avanços superiores a esse.
O PlanMob prevê um cenário de mudanças drásticas para 2020. Entretanto, em cinco anos, apenas uma pequena parte do BRT – sistema rápido de transporte – saiu do papel. A meta é ter 160 km de BRT, mas há apenas 23 km, e as expansões do sistema estão paralisadas por falta de verba. A grande promessa, a obra do metrô, está parada esperando entendimento sobre o projeto a ser executado.
Professor do departamento de Engenharia de Transportes da UFMG, Dimas Gazzola não acredita que apenas o Move vai retirar usuários do carro. “Só será possível fazer uma transferência sustentável do carro para o transporte público quando houver um sistema diversificado. Hoje, 90% dos deslocamentos no transporte público são de ônibus. Sem um sistema alternativo, a concorrência com a qualidade do automóvel nunca será atrativa.”
Na avaliação de Tiago Gonçalves da Costa, arquiteto e especialista em planejamento urbano, falta prioridade por parte dos governantes. “Não falta planejamento. Temos o plano municipal, o plano para os trens metropolitanos e o projeto do metrô. Faltam execução e vontade política”, explica.
Por Bernanrdo Miranda e Bárbara Ferreira
Informações: O Tempo
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