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No Recife, Faixas e corredores exclusivos para ônibus são desrespeitados

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

De exclusivos, eles não têm nada. Basta um pequeno engarrafamento que os 12 quilômetros do Corredor Leste-Oeste, os 33 quilômetros do Corredor Norte-Sul e os até agora 28 quilômetros de Faixa Azul são invadidos por um sem-número de carros, motos e caminhões que fazem do desrespeito uma rotina. As faixas foram feitas para facilitar a circulação dos ônibus, comuns e do BRT, e para que o tempo da viagem do transporte coletivo seja menor. As placas e as sinalizações na pista não deixam dúvida, mas, nos horários de pico da manhã e da noite, os flagrantes de transgressão ocorrem a cada minuto. Por três dias, a reportagem da TV Globo acompanhou a ida e a volta do trabalho em trechos das avenidas Caxangá, Mascarenhas de Morais, Domingos Ferreira e da Rua Cosme Viana. O resultado foi um festival de infrações. 

Num dos casos, 12 veículos invadiram o corredor do BRT na Caxangá em um intervalo de apenas 30 segundos, no começo da manhã. A presença de um orientador da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), que não tem autonomia para multar, não constrangia os infratores. "Nós sempre avisamos que estamos aqui para orientar, e todos desrespeitam. É difícil orientar os condutores. Quando vamos falar, acabamos entrando em atrito", diz o orientador Hamilton Vicente, enquanto via, resignado, carros e motos passando na faixa que deveria ser exclusiva para o ônibus rápido. Hamilton trabalha ali há quatro meses e, segundo ele, não houve um dia sequer em que não tenha flagrado motoristas de veículos particulares na via do transporte público.

Um motorista que havia invadido o corredor do BRT e tentava sair admitiu a manobra irregular. Ao ser questionado sobre o que o motivou a infringir a lei, ele simplesmente fechou a janela. Segundos depois, foi a vez de um motoqueiro parar na faixa proibida em pleno sinal vermelho. "É a primeira vez mesmo. Estou apressado", justificou. As desculpas são recorrentes e parecidas. Um condutor, no entanto, fugiu à regra: abriu o vidro elétrico, desacelerou o automóvel e exibiu um distintivo policial. Estava errado do mesmo jeito. Apenas viaturas em serviço podem circular pelo local - além de ambulâncias e carros do Corpo de Bombeiros.

Na mesma Avenida Caxangá, outro dia, o guarda de trânsito Ronald Ataíde falava que havia multado cinco motoristas no período da tarde por invadir o corredor do BRT. No meio da entrevista, a sexta autuação. Na manhã da última segunda-feira, duas pessoas foram atropeladas por carros comuns no corredor exclusivo do ônibus rápido na Avenida Caxangá. Trafegar no local é infração grave, com pena de cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e multa de R$ 127,69.

As infrações também se revelaram constantes na Avenida Mascarenhas de Morais, na Imbiribeira. De acordo com a CTTU, a Faixa Azul é de uso exclusivo dos ônibus de segunda a sexta-feira, entre 6h e 22h. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o veículo particular flagrado trafegando pelo local comete infração leve, o que resulta em multa de R$ 53,20 mais três pontos na CNH. Mas, na prática, a falta de fiscalização dá guarida ao desrespeito. Foram dezenas de carros flagrados na Faixa Azul nos dias e horários proibidos.

Taxistas sem passageiro também não podem circular pela Faixa Azul. "Eu não sabia. É porque sou de Paulista", argumentou o taxista, a dois metros de uma placa que, em letras garrafais, mostrava que ele estava errado. Um motorista disse ser de outro Estado, mas as placas do carro eram do Recife.

O desafogamento proporcionado pela inauguração da Via Mangue reduziu os congestionamentos e, por consequência, as transgressões na Avenida Domingos Ferreira, mas também foram muitos os maus exemplos na via, sobretudo no pico noturno. Em dois casos, veículos comuns travavam a passagem de ônibus lotados. Em outro ponto, na frente do Clinical Center, no Pina, havia até um carro parado em plena Faixa Azul. Na Rua Cosme Viana, em Afogados, a primeira a receber a pintura azulada, ainda em dezembro do ano passado, o tempo pouco ensinou aos motoristas. As motos e cinquentinhas, campeãs no quesito desrespeito, ignoravam o Código de Trânsito, enquanto a cidade aguarda as 406 câmeras prometidas para fiscalizar os 60 quilômetros em que a prefeitura pretende implantar Faixa Azul, envolvendo ao todo 13 corredores. A previsão inicial era instalar os equipamentos de filmagem em fevereiro.

Wagner Sarmento
Da TV Globo | Informações: G1 PE

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