A cada dia de greve do metrô, os passageiros se perguntam: quanto tempo este caos vai durar? Na manhã de ontem, as estações de Taguatinga Centro e Ceilândia ficaram lotadas em função do número reduzido de trens em circulação - apenas sete dos 12 que deveriam estar rodando em função da greve. A Companhia do Metropolitano do DF (Metrô-DF) informou que o problema teria ocorrido depois que grevistas bloquearam a entrada do terminal com seus carros de passeio, e impediram que os motoristas acessassem os trens. Versão negada pelo sindicato da categoria.
A estação de Taguatinga Centro ficou fechada por 50 minutos por estar muito cheia e sem condições de operar. Lá, o metrô passava em intervalos de 40 minutos. O número de trens abaixo dos 50% determinados para operar durante a greve causou transtornos e atrasos. Só após o meio- dia, um oitavo carro passou a circular.
“Estou esperando há meia hora e até agora não passou nenhum. Estou tentando ir para o trabalho e certamente vou chegar atrasado”, comentou o engenheiro João Paulo Amaral, de 27 anos.
Keila Pires, 24, tentava pegar o metrô até a rodoviária. “Estou esperando há quase 40 minutos e até agora não consegui entrar em um vagão. Já deixei uns três passarem porque estavam muito cheios e eu não consegui entrar com as malas”, lamentou.
Bruna Oliveira, 22, vendedora, disse que já está se acostumando com os atrasos. “Ontem (terça) foi do mesmo jeito. Tenho como ir de ônibus, mas demora o dobro do tempo”, comentou.
Em Ceilândia, a situação era parecida. A Estação Guariroba permaneceu fechada. Na de Ceilândia Centro, cerca de cem pessoas do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST) manifestavam a favor da greve. “Boa parte das nossas famílias utiliza o metrô, por isso queremos um transporte de qualidade. Apoiamos a greve”, explicou o diretor nacional do MTST, Edson Silva.
Categoria alega seguir ordem judicial
O movimento nas estações só voltou ao normal no início da tarde. A diretora do Sindicato dos Metroviários (SindMetrô-DF), Tânia Viana, negou que os grevistas tenham dificultado o acesso ao sistema de transporte ou bloqueado vias com carros de passeio. "Nós não temos acesso, inclusive o GDF disponibilizou uma lista aos funcionários e guardas para que eles não deixem o pessoal do sindicato chegar perto das estações. É um absurdo isso, eles estão isolando até mesmo os arredores dos metrôs. Tem até avisos nas portarias", afirmou.
Tânia disse ainda que a categoria está cumprindo a determinação da Justiça e opera com o mínimo exigido de funcionários. "Tínhamos hoje (ontem) pela manhã 14 pilotos à disposição para trabalhar. Se houve redução, não foi por falta de profissionais. Às 8h30 tínhamos dez metrôs circulando, e às 9h20 tínhamos 12."
Para ela, as medidas estão cada vez mais "apelativas". A diretora alegou ainda que o Metrô-DF trabalha com três carros que estão com problemas de manutenção. "O trem 21 foi recolhido por volta das 17h30 na estação Águas Claras porque oferece risco aos usuários. Por conta disso, houve um princípio de revolta e confusão na estação, e quando o outro trem chegou, com muito atraso, os passageiros chutaram o metrô, tentaram quebrar vidros e até ameaçaram o piloto", relatou.
Saiba Mais
Uma liminar do presidente do TRT 10ª Região determinou o funcionamento e circulação de 50% dos trens no Distrito Federal. A medida deve ser cumprida em todos os horários, sob pena de multa diária de R$ 50 mil. Oficiais de Justiça foram designados para verificar o cumprimento da decisão judicial.
Mas, como foi visto ontem, a realidade é diferente. E com os problemas no metrô, as paradas de ônibus ficaram cheias de passageiros que buscavam outra alternativa.
Por Ludmila Rocha e Renan Bortoletto
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