A reflexão que vai a seguir ampara-se numa outra, de uma fonte, um técnico, que preferiu o anonimato. Não por mero capricho o Ministério Público Especial de Contas (MPC) pediu a suspensão imediata da licitação para a contratação das obras do BRT, o arrojado projeto de mobilidade urbana da gestão Renato Casagrande orçado em R$ 1,5 bilhão.
O sistema de vias exclusivas para ônibus foi apresentado à população em outubro de 2013. Mas de forma genérica - comprovada pelo pedido do MPC, que apontou a ausência de projeto básico e orçamento detalhado das obras. Como um projeto que pretende revolucionar os parâmetros de mobilidade da Grande Vitória não tem, sequer, projeto básico?
Esta é de certa forma a mãe de todas as controvérsias. Expliquemo-lo de outro modo. Em texto recente, dissemos que a dimensão humana de Vitória é mais importante que o BRT, pegando o exemplo do que sistema reservada (ou reserva) à Praça do Cauê e aos armazéns do Porto de Vitória.
Um segmento específico dos capixabas entende isso bem. Quando se soube o que implantação do BRT significaria para praça e porto, pronto, três debates públicos e as razões oficiais tomaram de lavada. O recuo foi inevitável.
Um segmento específico dos capixabas entende isso bem. Quando se soube o que implantação do BRT significaria para praça e porto, pronto, três debates públicos e as razões oficiais tomaram de lavada. O recuo foi inevitável.
Uma das reservas que se faz ao BRT à Damasceno é que o projeto transformaria Vitória em um corredor de passagem - tudo partindo da Reta do Aeroporto para seguir pelas avenidas Fernando Ferrari, Reta da Penha, César Hilal, Vitória, Curva do Saldanha e Princesa Isabel. Isso só em Vitória.
Vitória concentra 50% do Produto Interno Bruto (PIB) da Região Metropolitana e 30% do PIB do Espírito Santo. Existe uma concentração natural de demanda, o que desemboca em um índice alto de circulação viária. Mas os percalços da nossa mobilidade não se concentram em Vitória: esse buraco é metropolitano.
Seria o BRT uma tecnologia adequada para uma cidade com as características físicas de Vitória?
São apenas 90 quilômetros quadrados e ruas estreitas, como a maioria das cidades mais antigas: Vitória apresenta largura exígua das caixas de rua e rede viária altamente interseccionada.
Ainda não está claro qual o grau de sacrifico a que a ilha será submetida em função de um problema metropolitano. Direto e reto: não está claro qual o nível de desfiguração que Vitória irá sofrer com a implantação do sistema. A BRT vai se adaptar à cidade ou a cidade é que vai se adaptar ao BRT? Sintomáticos, os casos Cauê e armazéns do porto são exemplos da segunda opção. O rabo já ia balançando o cachorro.
Eis a tremenda falta que faz um projeto básico. Divulgou-se quais intervenções viárias a Grande Vitória irá sofrer, entre pontes, mergulhões, viadutos e afins, mas a dimensão e corolários dessas intervenções - especialmente para a cidade de Vitória - permanece questão nebulosa. Mas se o sistema realmente qualificar o espaço urbano, ok.
Outra questão de ainda parcimoniosa exposição: uma projeção da quantidade necessária de desapropriações. Quantas e a que custo? Outra: como o sistema funcionará efetivamente e qual será sua relação com a rede de circulação (pessoas e veículos) da cidade? O BRT ainda não deveria ser uma verdade inapelável.
Outra questão de ainda parcimoniosa exposição: uma projeção da quantidade necessária de desapropriações. Quantas e a que custo? Outra: como o sistema funcionará efetivamente e qual será sua relação com a rede de circulação (pessoas e veículos) da cidade? O BRT ainda não deveria ser uma verdade inapelável.
Informação: Seculodiario.com
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