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São Paulo: A fantástica fábrica das faixas de ônibus

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

É uma verdadeira linha de montagem. Desde o início do ano, com mais intensidade a partir de junho, depois das manifestações por melhoria nos transportes públicos, os setores envolvidos no planejamento e execução das faixas exclusivas de ônibus têm trabalhado no limite para dar conta de uma das principais bandeiras do prefeito Fernando Haddad (PT).

A meta inicial do governo petista era implantar 150 km de faixas até o final da  gestão, em 2016. Com as manifestações, os planos sofreram uma guinada e Haddad prometeu entregar 220 km até dezembro. O trabalho foi turbinado e ontem, com mais de dois meses de antecedência, a capital chegou a 224,6 km de faixas exclusivas e ainda faltam, segundo a diretoria de planejamento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), mais 70 para se completar a rede inicial.


“Para isso, foi necessário multiplicar por quatro as equipes envolvidas no processo”, contou Tadeu Leite Duarte, diretor de planejamento da CET, responsável pela implantação.

O trabalho começa com as equipes de contagem. Cerca de 40 pessoas participam dessa etapa, verificando nas ruas quais são as vias estruturais com maior dificuldade para o trânsito dos coletivos. “Com o resultado desse trabalho de campo e com os dados que recebemos da SPTrans vamos estabelecendo as prioridades”, disse Duarte.

no papel/ Cumprida a primeira etapa, a incrível fábrica de faixas passa para a fase de planejamento e projeto. Esses grupos, com cerca de 50 pessoas, produzem os projetos de cerca de 10 quilômetros de faixas por semana. Parte do serviço é feito no computador e parte no papel.

“Aqui é feito o detalhamento da sinalização, estudos para definir os melhores locais para colocação”, explicou o projetista Leandro Batista. “Daqui sai a arte final do desenho que vai orientar  os executores das faixas.”

Na etapa final, cinco equipes terceirizadas, com cerca de 15 pessoas cada uma, saem às ruas para a pintura e sinalização das faixas. O trabalho é feito nos finais de semana que antecedem a implantação. “Trabalhamos das 22h até 5h manhã”, conta o engenheiro Marcelo Moreira, gerente de obras da Sinasc, uma das empresas contratadas para o serviço, que teve sua demanda dobrada neste ano.“Fizemos a sinalização de 80 quilômetros de faixas em dois meses. Foram madrugadas frias, nas quais nos aquecíamos com o calor da caldeira usada para derreter o material usado na sinalização”, recorda.

DIÁRIO testa e aprova via de ônibus na Paulista

Na semana em que a Prefeitura anunciou que cumpriria a meta de implantação de 220 km de faixas exclusivas de ônibus na cidade, com mais de dois meses de antecedência do prazo final, o DIÁRIO testou uma delas, a da Avenida Paulista.

Considerada por especialistas como a mais complicada tecnicamente, por ter muitos cruzamentos e vias que atrapalham a fluidez dos ônibus, a faixa da Paulista mostrou-se eficaz mesmo assim e o ônibus ganhou: chegou mais rápido do que o carro e o pedestre.

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O ponto de largada foi aquele localizado em frente ao Conjunto Nacional. De lá, no horário de pico da tarde de uma terça-feira, saíram três pessoas, uma de ônibus, outra num táxi e a terceira a pé.

Em 7 minutos o ônibus chegou ao ponto localizado em frente ao prédio da Gazeta. O táxi fez o mesmo percurso em 11 minutos, exatamente o mesmo tempo percorrido pelo pedestre.“Fiquei travado nos faróis e na fila de carros, por isso demorei tanto”, explicou o motorista de táxi João Carlos Gregório.

O fotógrafo Hilton de Souza, que foi de ônibus, afirmou que só não chegou antes porque um carro que transportava valores invadiu a faixa exclusiva. “O motorista do ônibus ainda teve alguma dificuldade para ultrapassar esse carro de valores”, contou. “Depois, andou rápido.” O repórter percorreu o trecho a pé com uma parada em farol. Os outros estavam abertos.

Opinião de Horácio Figueira, consultor de transportes

‘Meta agora são 400 km’

“É de se comemorar a meta alcançada pelo prefeito Haddad dos 220 km de faixas exclusivas de ônibus. Mas não é suficiente. Com isso, os ônibus voltaram a andar na cidade e a população já percebeu e aprovou. Mas ainda falta muito mais. Não chegamos nem a 10% das vias com tráfego de ônibus. Precisamos estabelecer uma meta de 400 km para 2014. Lugares como a Rua Augusta, por exemplo, justificam  uma faixa. Precisamos também aumentar o número de linhas na cidade. Tem de ser inaugurada, por exemplo, uma linha que passe pelas duas marginais.  E estender os horários das faixas.”

Por Fernando Granato
Informações: Diário de São Paulo

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