Cinco bilhões e meio de reais: este seria o gasto anual da prefeitura para implantar a tarifa zero nos ônibus de São Paulo, uma das reinvindicações do Movimento Passe Livre, que tem realizado protestos para reduzir ou zerar o preço das passagens de ônibus na cidade.
Este ano, de acordo com dados da prefeitura, o município deve gastar R$ 1,25 bilhão para financiar o preço da tarifa atual de R$ 3,20. Sem o subsídio de 93 centavos, o usuário do sistema de ônibus da cidade pagaria R$ 4,13, segundo informações da prefeitura.
Para determinar o valor, governo e empresas somam os custos para pôr os ônibus na rua ao lucro previsto pela iniciativa privada. O resultado desta soma é dividido pelo número aproximado de usuários. Quando o valor fica muito alto, a prefeitura entra com uma parte do dinheiro para diminuir o preço das passagens (o chamado subsídio).
Para que a tarifa voltasse a custar R$ 3, o munícipio teria que desembolsar aproximadamente R$ 1,5 bilhão do orçamento.
Tarifa zero
Creso Peixoto, especialista em transportes e professor de engenharia civil na FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), afirma que a adoção da passagem gratuita implicaria em multas por descumprimento de contrato para a prefeitura e reorganização do orçamento do município.
"Se a catraca fica livre, alguém tem que pagar a conta", disse Peixoto. E caso isso aconteça, o principal prejudicado será o contribuinte – que terá de pagar mais impostos para tapar o rombo.
O especialista acredita que outras cidades podem inspirar São Paulo a resolver seu problema de transporte público. "Em Londres, a passagem unitária custa 4 libras (cerca de R$ 13,50)", afirma ele. Entretanto, o bilhete vale não por uma viagem, mas por um determinado período de tempo – o que barateia a circulação. Paris tem um sistema parecido, no qual a tarifa é cobrada do usuário apenas uma vez ao dia.
"Modelos de transporte que cobram mais de quem usa menos podem cobrar menos de quem usa mais", resume o especialista.
Outras soluções
Outra solução para a cidade é o investimento nas várias modalidades de transporte de massa. Segundo Peixoto, cada quilômetro de metrô instalado custa cerca de 100 milhões de dólares. Já no caso do VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos ou, simplesmente, bonde), o valor cai para 50 milhões de dólares. Corredores expressos de ônibus ainda são a alternativa mais barata, custando 15 milhões de reais por quilômetro instalado.
Por Saulo Pereira Guimarães
Informações: Exame Abril
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