Os protestos das últimas semanas por todo Brasil – no que se referem aos pedidos para um sistema de transporte público melhor e mais barato – trouxeram uma sorte de sugestões para aperfeiçoamento das regras atuais. Depois das reclamações, até agora, o Estado apresentou apenas uma solução: voltou atrás e revogou os aumentos.
Porém, essa é apenas uma das alternativas para satisfazer o anseio dos usuários de transporte público nas grandes cidades do País. E, segundo, o poder público, as reduções ocorreram às custas de cortes em outros projetos que seriam bancados pelo Estado.
Para chegar a uma solução definitiva e que se sustente, o Terra ouviu autoridades em engenharia de tráfego, tecnologia e finanças públicas e elaborou uma lista de tarefas a partir das propostas apresentadas por esses profissionais.
Em síntese, as ideias convergem para a oneração do transporte individual, racionalização dos contratos de concessão do setor e revisão do sistema público de transportes, que gerariam receita para os investimentos em infraestrutura de vias, tecnologia de veículos.
Participaram da elaboração do plano o economista e vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marcos Cintra, o engenheiro e cientista chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) Silvio Meira e o mestre em engenharia pela Universidade de São Paulo (USP), Horácio Augusto Figueira.
Tecnologia
- Uma rede de sensores que identificaria problemas com semáforos, alagamentos e vias congestionadas. A solução possibilitaria à engenharia de tráfego do município intervir em tempo real no trânsito para criar rotas alternativas;
- Sensores instalados em pontos fixos da malha viária da cidade e também em objetos móveis, como os veículos dos órgãos municipais de trânsito que circulam pela cidade. Isso daria maior alcance ao monitoramento das autoridades competentes;
- Uma central para receber todas as informações coletadas por meio da rede de sensores e as transmitir em tempo real. Nesse local trabalhariam técnicos que teria subsídios para solucionar os problemas de tráfego.
Finanças
- Pedágio urbano. A solução não se trata da criação de um imposto, mas de uma tarifa por uso – paga quem quiser trafegar de carro pelas vias pedagiadas. A adoção desse sistema traria receita para subsidiar ainda mais o transporte coletivo e seria uma medida que traria resultados de curto prazo e já conhecidos (a cidade de Londres aderiu a essa proposta);
- Política de garagens privadas e proibição de veículos estacionados em vias públicas. Com isso, seria possível criar mais faixas exclusivas para o transporte coletivo, aumentando a eficiência e criando condições de tarifas menores;
- Revisão de contratos. Um “pente-fino” nos atuais contratos para encontrar desperdícios e ineficiências contribuiria, a longo prazo, para redução nas tarifas do transporte coletivo.
Engenharia de tráfego
- Desestimular o transporte individual. Adotar medidas como a proibição de tráfego de carros em duas ou até três faixas de grandes avenidas abriria espaço para maior fluidez dos ônibus;
- Fim do sistema de pagamento por hora para estacionar em via pública. Com a extinção da chamada “zona azul”, os veículos de transporte coletivo mais uma vez seriam privilegiados em detrimento do transporte individual;
- Aumento da frota de ônibus. Maior oferta de veículos de transporte coletivo atenderia melhor à demanda;
- Prioridade para investimento em ônibus a metrô e trens urbanos. O metrô seria uma solução para um segundo momento, devido a sua menor capilaridade e custo mais alto de investimento.
Colaborou Rodrigo Celente.
Informações: Portal Terra
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