Os motoristas de ônibus do transporte coletivo urbano de Ribeirão Preto vão entrar em greve a partir da próxima segunda-feira.
Se for bem-sucedida, o movimento pode afetar diretamente de oitenta mil a cem mil pessoas que utilizam diariamente o sistema de transporte coletivo municipal.
A cidade conta com 600 motoristas, que têm um salário básico de R$ 1,4 mil.
A decisão sobre a paralisação total foi tomada durante duas assembleias, realizadas ontem no Sindicato dos Motoristas de ônibus de Ribeirão Preto, na Vila Tibério (zona Oeste).
Sem reajuste
A decisão de a categoria entrar em greve ocorreu depois de o Consórcio PróUrbano deixar claro que não iria oferecer qualquer reajuste salarial no dissídio dos motoristas, apesar de ter anunciado a intenção de renovar as cláusulas sociais dos funcionários.
O Consórcio PróUrbano é formado pelas empresas Transcorp, Rápido D’ Oeste e Turb (todas de Ribeirão Preto) e Sertran (Sertãozinho). Por contrato, terá de investir cerca de R$ 130 milhões em melhorias do sistema nos próximos vinte anos.
Segundo Luis Gustavo Vianna, diretor do consórcio, o novo contrato assinado em maio do ano passado com a prefeitura de Ribeirão Preto teria desequilibrado o sistema financeiro das empresas do transporte coletivo urbano em 17%. Por isso, não seria possível dar o reajuste pedido pelos funcionários.
O sindicato da categoria reivindica a inflação de 7%, além de mais 10% de aumento real.
Paralisação
“A greve está decidida e optamos por parar 100%, a exemplo do que ocorreu no ano passado”, diz Alcides Lopes, vice-presidente do sindicato.
Segundo ele, a assembleia tinha sobre a mesa a votação de duas propostas: uma propunha a parada total - que acabou sendo vencedora - e outra, que sugeria a paralisação de uma empresa por dia.
“Em Ribeirão, temos apenas uma empresa. As linhas são dela e estão divididas em quatro garagens. Por isso, se parássemos uma garagem por dia daria 30% do transporte e ficaríamos no limite legal exigido para o serviço essencial. No entanto, a assembleia optou pela paralisação total”, disse João Henrique Bueno, presidente do sindicato da categoria.
Assembleia mostrou divisão da categoria
A forma da paralisação dividiu os motoristas de ônibus, na assembleia de ontem. Parte queria a paralisação total, enquanto outra queria a parcial. “O sindicato não quer a paralisação total porque está do lado dos patrões”, conta um motorista, que pediu para não ser identificado.
“A greve será considerada ilegal pelo Tribunal Regional do Trabalho e, com isso, ficaremos apenas com o reajuste da inflação, de 7%. Com a greve parcial poderíamos ficar parados por tempo indeterminado e conseguir um reajuste maior”, retrucou João Henrique Bueno.
Outro impasse teve a ver com os motoristas atuarem como cobradores. “Em várias cidades o prefeito já fez decreto para tirar o dinheiro do ônibus. Resta a prefeita Dárcy Vera (PSD) criar coragem e tomar a mesma atitude. Vai agilizar o transporte e aumentar a segurança”, diz Bueno.
Informações: Jornal A Cidade
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