O secretário de Transportes, Dinei Pasqualini decidirá, até o fim deste mês, se a tarifa de ônibus será reajustada ou não. Segundo nota da assessoria de imprensa, a pasta recebeu uma documentação por parte das empresas de ônibus Três Irmãos, Viação Jundiaiense e Leme na semana passada.
A proposta, de acordo com a nota, vem de uma diferença herdada da administração anterior. O documento apresentado mostra uma defasagem de R$ 0,16. Segundo a secretaria, uma comissão técnica estuda a planilha de tarifa para chegar em uma conclusão nos próximos dez dias.
Enquanto isso, ontem, no segundo dia de greve dos motoristas e cobradores do transporte público de Jundiaí e região, as negociações não caminharam e os usuários se prejudicaram mais uma vez. Apesar de a grande maioria estar ciente da paralisação, muitos acreditaram que hoje já estaria normal. “Ontem [anteontem] eu fui à pé até o meu trabalho”, afirma a auxiliar de limpeza Maria Aparecida Silva, 48 anos, ela trabalha no Hospital Sobam e caminhou da Vila Arens até o Vianelo.
Ontem, ela correu até o terminal da Vila Arens e foi informada, mais uma vez, que os ônibus não entravam nos terminais. “Já pensei que tivesse de ir à pé de novo, mas vou ver se consigo pegar um coletivo que passe lá por perto”, diz. Ao menos cinco linhas da Viação Leme transitavam para alguns bairros da cidade.
A promotora Tábata Cristina Garajau, 21, veio de Francisco Morato e também achou que a geve havia terminado. “Agora eu tenho que esperar um transporte da empresa, não dá para ir à pé”, diz. Ela trabalha no Hipermercado Extra, na avenida União dos Ferroviários.
Moradores sofrem e andam quilômetros para ir ao trabalho
Os moradores de bairros que não estão sendo atendidos pelas poucas linhas de ônibus que estão circulando precisam se virar para ir ao trabalho. Alguns chegam a andar quilômetros para chegar até um local onde alguma linha passe. É o caso de moradores do Jardim Tarumã.
“A gente anda até o viaduto da avenida Jundiaí, onde pega um ônibus para seguir ao trabalho”, explicou a vendedora Melquísia Pereira dos Santos Garcia, 23 anos. São cerca de seis quilômetros de caminhada para ir e vir do trabalho, e parte do trajeto é pelo acostamento da rodovia Engenheiro Constâncio Cintra, a estrada de Itatiba.
O mesmo está fazendo a aposentada Olinda da Silva. Apesar de não andar tanto assim, ela e o neto Matheus de 4 anos caminham um bom trecho entre o Jardim São Camilo e o Tarumã. “Ele vai na creche e se faltar por causa da greve perde a vaga. Por isso tenho de levar e buscar. Agora sem ônibus é só andando mesmo, não tem jeito”, explicou ela apontando que o neto reclama o caminho todo. “Ele é pequeno né? Não está acostumado a andar muito, mas não tem outro jeito.”
No trajeto percorrido pelo BOM DIA ontem, algumas pessoas aguardavam nos pontos do bairro na esperança de aparecer um coletivo. Mas desde anteontem nenhum deles foi visto no bairro. “Dependo da condução. Preciso ir para meu curso e não sei o que fazer”, afirmou Alcione Souza, 20 anos.
Sindicato e empresas terão audiência de conciliação no TRT
O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de Campinas realizará uma audiência de conciliação entre representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Jundiaí e Região e as empresas Viação Leme, Jundiaiense e Três Irmãos, hoje, às 14h - a mediação foi antecipada, até então, estava agendada para a próxima segunda-feira.
Segundo a Prefeitura de Jundiaí, a Procuradoria do Município pediu a antecipação, segundo nota divulgada.
Se o parecer for favorável à categoria, a paralisação continua por tempo indeterminado, porém, a classe corre o risco de a Justiça dedicir para o reajuste apenas da inflação - 7% e ordenar que a greve chegue ao fim.
“É um risco que se corre sim”, afirma o presidente do sindicato Laurindo Lopes. No início da tarde de ontem ele ainda não havia sido notificado dessa audiência e pretendia conversar com os trabalhadores para explicar os riscos que a categoria corria. Ainda assim, a greve continua em Jundiaí e na região hoje.
Durante todo o dia de ontem, o sindicato aguardou por uma nova proposta por parte das empresas que por sua vez esperava manifestações da entidade com uma contraproposta. Por isso não foram feitas novas assembleias. A última conversa entre as partes pautava-se no reajuste de 9,5% que não foi aceito pela classe. Os motoristas e cobradores brigam por 17% de aumento, R$ 15 para o vale-refeição/alimentação e R$ 500 nas participações do lucro.
A ordem era rodar até às 18h e voltar para a garagem
Ao menos cinco linhas de ônibus da Viação Leme estavam em circulação na cidade ontem. Era possível chegar em destinos como Eloy Chaves, Guanabara, Colônia e Ivoturucaia. Os carros partiam da Vila Arens, mas estava confuso para os usuários, porque colaram em postes apenas os números das linhas, sem os bairros. Um cobrador que preferiu não se identificar disse que o trânsito estava tranquilo e que a ordem da garagem era parar de rodar após às 18h. “Temos que rodar apenas com a luz do dia”, diz ao afirmar que o que for decidido com a paralisação já será um lucro. “A gente tem conta para pagar, por isso que trabalha”.
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Assembleias contam com a participação de 300 representantes
Segundo o presidente do sindicato, Laurindo Lopes, cerca de 300 funcionários participaram das assembleias realizadas na entidade desde a última sexta-feira. A categoria conta com 3 mil trabalhadores em Jundiaí e região, enquanto os carros não sairam das gararens.
Prefeitura protocola petição no TRT
A Prefeitura de Jundiaí informou, em nota, que a Procuradoria do Município protocolou uma petição junto ao Tribunal Regional do Trabalho requerendo que o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Jundiaí e Região seja “intimado com máxima urgência, para cumprir a decisão no sentido de manter 50% da frota em atividade”.
Informações: Rede Bom Dia
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