Um dia após acusar a empresa Sanerio de entregar a obra do corredor Transoeste malfeita, o jogo de empurra continua, e ninguém se responsabiliza pelos problemas. A empreiteira diz que os buracos no asfalto e o desnível no pavimento acontecem porque a obra foi finalizada e entregue às pressas para que ficasse pronta dentro do prazo permitido para inaugurações antes da eleição. Já a prefeitura acusa a empresa de não ter cumprido com as exigências e feito as modificações pedidas pelos fiscais da Secretaria municipal de Obras. O corredor viário Transoeste foi inaugurado pelo prefeito Eduardo Paes em junho de 2012, um mês antes de o prazo legal terminar e a quatro meses da eleição. Com pouco mais de seis meses de uso, a via já apresenta problemas estruturais, como mostrou o GLOBO de domingo.
— O asfalto corre o risco de ceder novamente porque a prefeitura não esperou o tempo de assentamento do solo, que é de seis meses, para iniciar a operação dos BRTs — acusa o presidente da Sanerio, Luis Carlos Matos.
Além da questão do solo, a empreiteira alega que a construção de uma via ao lado do corredor, na altura da estação Mato Alto, que está fora do projeto, prejudica o asfalto do Transoeste. Segundo a Sanerio, isso estaria tirando parte da impermeabilização e assim causando infiltrações no solo.
— Essa obra está causando infiltração e os remendos que a prefeitura está fazendo são apenas um tapa-buraco. Na primeira chuva que cair, tudo vai sair e vai esburacar de novo — acredita Matos, acrescentado ainda que a empresa ganhou a licitação para fazer a manutenção de toda via, mas desde setembro não pôde colocar os seus 22 funcionários para trabalhar porque ainda não teve a ordem de serviço liberada pela prefeitura.
Ao ser procurado pelo GLOBO nesta segunda-feira, o prefeito Eduardo Paes não quis comentar as acusações. Em entrevista ao “RJ-TV”, da TV Globo, Paes disse que vai cobrar as melhorias da empresa.
— A empreiteira vai ter que fazer tudo outra vez se for necessário, sem que a prefeitura gaste dinheiro. Todas as empreiteiras que trabalham para o município têm a obrigação de fazer sempre às pressas e no prazo mais curto possível. Tanto um lote quanto o outro foram entregues no mesmo tempo. Por que um lote foi entregue sem problemas e, justamente, na parte feita por essa empreiteira há problemas estruturais? — questionou Paes.
O secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, disse que a fiscalização feita pela prefeitura logo após a obra ser entregue já apontava esses problemas e que o reparo foi pedido.
— Os buracos estão lá desde antes da construção desta via (na altura da estação Mato Alto). Isso foi reportado há tempos, mas nada foi feito. Por isso, a empresa ainda não tem o documento aceite-se — explicou o secretário.
O aceite-se é emitido por órgãos públicos e atesta que a empreiteira cumpriu com todas as exigências do contrato. Segundo a secretaria, todos os reparos que a prefeitura está tendo que fazer serão descontados do dinheiro que ainda falta entregar a empresa.
— Só entregamos 90% do valor. Os outros 10% só serão entregues com o aceite-se — explicou Pinto
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