Motoristas e cobradores que circulam no município do Rio pretendem iniciar uma greve geral no dia 31 de janeiro caso as empresas de ônibus não aceitem entrar em acordo por melhores condições de trabalho com a categoria. A informação foi confirmada com exclusividade ao www.srzd.com nesta quinta-feira pelo vice-presidente do Sintraturb-Rio, sindicato que representa oficialmente a classe. De acordo com Sebastião José, as empresas vão se reunir com os trabalhadores em uma assembleia geral no próximo dia 28.
- Se os empresários não tiverem uma proposta ou pelo menos uma demonstração de que estão interessados em atender as nossas necessidades, vamos cumprir a lei de greve. Se isso acontecer, certamente pode sair uma decretação de greve no dia 28 e, contadas 72 horas depois, os funcionários de toda a cidade vão parar de trabalhar - afirmou o vice-presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro (Sintraturb-Rio).
Sebastião José alerta que os rodoviários batalham por benefícios garantidos em lei a 90% dos empregados brasileiros, como o direito a plano de saúde e cesta básica. Os motoristas também reclamam da obrigatoriedade do exercício da dupla função de dirigir e dar o troco, classificada pelo vice-presidente do sindicato como um perigo à segurança e à vida das pessoas. Os trabalhadores reivindicam ainda o cumprimento da jornada de trabalho de 7 horas por dia e reajuste do piso salarial.
Os funcionários da Viação Paranapuan, que opera linhas da Ilha do Governador, na Zona Norte, fizeram uma paralisação durante a madrugada e parte da manhã desta quinta-feira para cobrar o pagamento de horas extras, INSS e Fundo de Garantia (FGTS) atrasados. Eles só tiraram os coletivos da garagem por volta das 8h, depois que representantes da companhia resolveram atender as reivindicações. Segundo Sebastião José, o cenário de descaso não é exclusividade dos empregados da Paranapuan. Ele destaca que a carga horária dos motoristas chega a ultrapassar 14 horas por dia.
- O que aconteceu hoje não foi greve, foi uma paralisação. O trabalho escravo é quase que comum no sistema, um hábito das empresas que botam o funcionário para trabalhar e não pagam hora extra. A lei diz que a jornada é de 7 horas e, no máximo, 2 horas a mais caso haja necessidade. Mas, na realidade, eles trabalham de 14 a 15 horas por dia. Na opinião do nosso departamento jurídico e de especialistas em segurança no trânsito, isso é gravíssimo. O não-pagamento da dupla função é mais grave ainda, porque é uma fraude. Temos que pôr um ponto final nisso", ressalta o vice-presidente do Sintraturb-Rio.
Atualmente, o piso salarial dos cobradores de ônibus da capital é de R$ 900 e o de motoristas, de R$ 1.100. O Sintraturb-Rio pleiteia que os valores cheguem a R$ 1.618 para cobradores e a R$ 2.000 para motoristas.
Segundo o Sintraturb-Rio, as empresas de ônibus dizem que não autorizam o motorista júnior a passar o troco com o veículo em movimento, mas os pressionam para cumprirem um tempo de viagem cada vez mais curto. O sindicato ressalta que os motoristas usam 10 minutos no ponto final para almoçar, porque não têm um horário de almoço oficial. A maioria dos coletivos e dos pontos finais não possui banheiros. Ainda de acordo com o Sindicato dos Motoristas e Cobradores do Rio, muitas empresas proíbem que o motorista registre boletim de ocorrência na delegacia em caso de roubo. O motivo seria para não perder tempo esperando o atendimento e deixar o ônibus parado. No final das contas, os valores seriam descontados do funcionário que conduzia o coletivo no momento da infração.
0 comentários:
Postar um comentário