O Bilhete Único, centro das atenções dos candidatos à Prefeitura durante a campanha eleitoral, é visto pelos paulistanos como uma das medidas que mais tem beneficiado usuários de transporte público nos últimos anos. Porém, na opinião do arquiteto e especialista em transportes Flamínio Fichmann, para ampliar essas vantagens é preciso rever alguns pontos, em especial em relação ao histórico do trajeto origem-destino da catraca e revertê-los a favor da população.
“Desde que o Bilhete Único foi criado a malha de transportes oferecida é mesma. Porém, nem sempre ela atende o real objetivo”, diz Fichmann. Segundo ele, não adianta ter excesso de ônibus se o desempenho deles não cobre as necessidades dos usuários.
Na opinião do arquiteto, o prefeito eleito Fernando Haddad poderia aproveitar a implantação do novo Bilhete Único em 2014 para contratar também um novo sistema de ônibus, formado por veículos menores ou micro-ônibus, para circular pelos bairros com intervalos menores e em vias coletoras de passageiros.
Segundo o arquiteto, boa parte dos bairros não são atendidos hoje porque a maioria das linhas circula em direção ao Centro. Para percorrer trajetos pequenos o usuário precisa muitas vezes tomar duas ou mais conduções.
CONCESSÕES / Para a arquiteta e urbanista Regina Monteiro, o Bilhete Único hoje deixou de ser comodismo e virou necessidade. “As pessoas ficam tanto tempo no ônibus por causa do trânsito que se não tiver bilhete inviabiliza qualquer trabalhador”, diz. Para ela, o que complicou o transporte na cidade foram as concessões com empresas de ônibus dos últimos 20 anos. “A cobrança que antes era por quilômetro rodado hoje é feita por passageiro. Com isso, temos menos ônibus rodando e mais pessoas transportadas.”
Para o arquiteto e professor emérito da USP Cândido Malta, a discussão em torno do Bilhete Único deveria se estender para a metrópole, pois há pessoas morando cada vezes mais distante. “Os congestionamentos aumentaram porque a cidade está se espalhando por causa do preço do mercado imobiliário.”
Para tentar reduzir o tempo no trânsito, o arquiteto Flamínio Fichmann propõe instalação de catraca nos corredores para a cobrança da passagem. Isso, diz ele, evitaria a aglomeração nas portas dos ônibus, dando mais agilidade na circulação de passageiros e veículos.
Por Cristina Christiano
Informações: Diário de SP
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