Por lei, as empresas de ônibus são obrigadas a transportar alunos com uniforme sem cobrar passagem, mas não é tão fácil fazer os motoristas pararem.
O dia mal começa e estudantes da rede pública de ensino do Rio já enfrentam uma rotina estressante. No meio da rua, a jovem chega a implorar.
O menino sinaliza quatro vezes seguidas e nada do ônibus parar. “Todo dia, teve um dia que passaram seis ônibus e não parou”, conta.
Alunos são desrespeitados, ignorados por motoristas. “Para quem estuda é ruim. Às vezes perde prova, perde escola por causa disso”
As empresas de ônibus são obrigadas por lei a transportar alunos uniformizados de escolas públicas sem cobrar passagem. Mas a prestação do serviço não é de graça. Com o dinheiro de impostos pagos, por nós cidadãos, o Governo do Estado e a Prefeitura do Rio repassam às empresas R$ 115 milhões por ano.
Sem saber que estavam sendo filmados, motoristas admitem que a irregularidade é comum. “Velho e estudantes, eles não ganham, não param”.
“A grande maioria não para não, são muitos”.
Um homem trabalha em uma empresa de ônibus e prefere não mostrar o rosto. Ele diz que os motoristas são forçados a atingir uma meta diária de passageiros pagantes.
“Nós temos que bater uma meta de 320. Se ele não carregar o pagante e chegar no final do dia e não tiver o pagante, ele é punido”, conta.
“Ele vai ficar suspenso no dia seguinte, vai perder o dia, vai perder a folga e vai perder a cesta básica dele”, afirma Oswaldo Garcia, vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários do Rio.
Depois que a Secretaria Municipal de Transportes tomou conhecimento das irregularidades contra estudantes, os motoristas começaram a parar. “Hoje está todo mundo parando. Vai dar mole?”, disse um deles.
Um fiscal estava no ponto e, quando os alunos faziam sinal, o ônibus parava. A multa para quem passa direto é de R$ 182, mas a secretaria diz que o contrato de concessão prevê penalidades mais pesadas e multou o consórcio que cometeu as infrações em R$ 20 mil.
“A conduta, é bom que se diga, é do motorista, mas o motorista não age por livre espontânea vontade. Ele não ganha nada com isso. Está muito claro que isso é orientação de quem comanda os motoristas. Com base em denúncias como essa a gente direciona a nossa fiscalização durante um determinado prazo e vai aplicar diariamente multas a esses consórcios até que eles ajustem essa conduta”, afirma Alexandre Sansão, secretário municipal de Transportes do Rio.
O Sindicato das Empresas de Ônibus do município nega que os motoristas sejam orientados a evitar passageiros com direito a gratuidade. “Lamentamos profundamente o ocorrido e pedimos inclusive desculpas aos estudantes e os familiares. Estamos tomando providências para que isso não se repita, junto aos empresários. O motorista que assim proceder tem que ser advertido, suspenso e até dispensado do serviço se for necessário”, diz Octacilio Monteiro.
Para os estudantes, é esperar que as providências cheguem logo. “Porque não é de graça, os nossos pais pagam os impostos e eles chegam e não respeitam. Passam direto e a gente fica esperando, tendo que aguardar”, lamenta.
Informações: Bom Dia Brasil
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