Enquanto o BRT não vêm, uma das principais promessas de agilidade e conforto para usuários de transporte coletivo de Belo Horizonte começa, literalmente, a mofar nas garagens. Idealizados pela BHTrans com o principal objetivo de incentivar motoristas a deixar o carro em casa, e assim desafogar as já congestionadas ruas da capital, os primeiros veículos do novo serviço de ônibus executivo de BH dependem, há mais de sete meses, de um verdadeiro imbróglio para começar a rodar. Pegando carona na proposta de extinção dos cobradores nos ônibus articulados do BRT – o que poderá causar boa parte da redução de 2.967 postos de trabalho (ou 11,41% dos atuais empregos) no futuro sistema – Projeto de Lei 2.244/12 aprovado em segundo turno pela Câmara Municipal, também prevê a dispensa do agente de bordo nos executivos.
Os veículos adquiridos por meio de um pacote encomendado pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de BH (Setra-BH), com direito a pintura cinza levemente alterada e criada por escritório especializado em design, foram entregues aos consórcios operadores em dezembro – conforme mostrou o EM com exclusividade – , mas desde então encontram-se parados. Pelo menos uma das 14 unidades foi sublocada na função de transporte fretado.
Dotados de equipamentos que garantem mais conforto aos passageiros, como ar-condicionado central, poltronas totalmente estofadas, bagageiro interno e internet sem fio, os ônibus do tipo micrão, de desempenho mais ágil, vão rodar inicialmente em duas linhas: Buritis/Savassi e Cidade Administrativa/Savassi. Para estrear, eles agora dependem da fase de redação do PL, que só continuará após retorno do recesso do Legislativo, a partir de 1º de agosto, e da aprovação do prefeito Marcio Lacerda.
A tarifa não é revelada pela BHTrans, que alega estar aguardando a tramitação do PL para comentar o assunto, mas, de acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de BH e Região (STTRBH), Ronaldo Batista, será de cerca de R$ 5. Defendendo a manutenção do posto do trocador nos executivos, o sindicalista afirma que o PL entra em contradição com a Lei 8.224 de 2001, que garante a presença dos agentes de bordo nos coletivos.
Deficitárias
Segundo Batista, a demanda nas duas linhas seria uma das justificativas dos consórcios para deixar a função de cobrança sob responsabilidade dos motoristas. “Eles alegam que as linhas são deficitárias. É importante ressaltar que a prefeitura está fazendo muito lobby em cima do serviço, mas ele só vai atender à Zona Sul. Na periferia, os trabalhadores continuarão a ser servidos por linhas precárias, ônibus superlotados e sem cumprimento de horários”. “Além de vir com motor dianteiro, barulhento, esses ônibus têm poltronas apertadas. Ou seja: de executivo, eles não têm nada”, critica ainda Batista.
Procurado, o Setra-BH declarou que os consórcios estão aguardando as especificações da BHTrans para iniciar a operação dos ônibus.
Não será a primeira vez que BH contará com ônibus executivos. Na década de 1970 e início dos anos 1980, existiam os chamados “fresquinhos”.
Fonte: Estado de Minas
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