Diogo Pires Ferreira, 25 anos e Darlan Chaves Silva da Luz, 29 não se conhecem. Um é arquiteto, outro operário da Construção Civil, mas os dois são passageiros na mesma rota dos tormentos, enfrentada pela população de São Luis: o problema da mobilidade urbana. Os pontos de proximidades entre os dois vão muito além disto, Darlan, morador da Vila J. Lima, situada na região metropolitana de São Luis, leva em media 2 horas para fazer o trajeto de casa para o trabalho e vice-versa e sente na pele as dificuldades de locomoção dentro da cidade, tema abraçado por Diogo como objeto de estudo da tese de mestrado em Urbanismo, feita na Universidade Politécnica de Catalunya em Barcelona na Espanha e na Universidade Tecnológica de Delft na Holanda.
A reportagem de O Imparcial acompanhou Darlan no trajeto do trabalho, no Renascença, àrea nobre da cidade, ate em casa, no bairro do J. Lima, bairro humilde, situado na periferia da ilha. "Hoje to com sorte, consegui um lugar pra sentar e acho que chego em casa às oito e meia da noite, geralmente é as nove", afirma o maranhense, 29 anos, nascido em Primeira Cruz, e seguidor de um trajeto feito por milhares de conterrâneos na década de 1990, quando a capital do estado acelerou o ritmo de crescimento populacional iniciado nas décadas anteriores passando de 695.119 em 1991 para o total de 870.128 em 2000. Atualmente este número é de 1.011.943. habitantes e quando somado as cidades que integram as região metropolitana chega a 1.266. 066 habitantes.
Atingir esse patamar foi uma cifra comemorada, especialmente pelos políticos, pois permitiu a cidade ampliar o número de vereadores para o pleito deste ano. Porém, não é apenas mais cadeiras na Câmara Municipal a consequência do crescimento desordenado de São Luis. No ano da celebração do quarto centenário, a cidade amanhece e anoitece como se estivesse sufocada pelo caos, principalmente no trânsito, tornando a mobilidade urbana, um direito, negado cotidianamente aos seus moradores. "O plano diretor não dirige a cidade de São Luís, pois ela cresce fragmentada. Isso influencia diretamente na mobilidade urbana: poucos lugares possuem serviços acessíveis a pé, ou seja, sempre dependerá de sistemas alternativos de locomoção", explica o arquiteto.
No trajeto até em casa, o operário da Construção Civil, percebe na prática este problema e vai listando os diversos pontos de engarrafamentos existentes no caminho até em casa." Na Jerônimo de Albuquerque, isto é quase todo dia. Mas em outros lugares também acontece o mesmo", relata.
A linha de ônibus utilizada por ele todos os dias, passa pelo terminal da integração do São Cristovão, frequentemente local de protestos de passageiros. A área onde fica o terminal, registrou somente na década de 90, um percentual de crescimento de 100.2%, conforme dados levantados pela prefeitura de São Luis no ano de 2005 e isto explica o grande fluxo de usuários neste terminal.
Por Francisco Junior
Fonte: O Imparcial
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