Se provoca divergências entre os pré-candidatos a prefeito, o projeto de metrô de Curitiba também não é consenso entre especialistas em urbanismo e mobilidade urbana. O ex-prefeito e ex-governador Jaime Lerner, por exemplo, é um dos mais renomados críticos do modelo proposto pela administração municipal, assim como o ex-presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Lubomir Ficinski.
Lerner avalia que o metrô subterrâneo é uma obra muito cara, demorada e que não resolve o problema. Defende que se invista na melhoria do sistema já existente. Ele lembra que São Paulo, mesmo com quatro linhas de metrô, 84% dos deslocamentos são feitos na superfície, ou seja, de ônibus. Além disso, aponta, o metrô exige um alto gastos com subsídios, já que a tarifa não é suficiente para financiar o sistema, o que retiraria recursos de outras áreas prioritárias, como educação e saúde.
Ficinski, que deixou o comando do Ippuc por não concordar com o projeto, aponta que se for implementado da forma como foi proposto pela prefeitura de Curitiba, o projeto de metrô vai provocar uma elevação drástica no tarifa dos ônibus do transporte coletivo. Segundo ele, cálculos do próprio Ippuc e da Urbs apontam que o preço da passagem de ônibus terá que subir a mais de R$ 3,00, caso prevaleça o traçado e o modelo defendido administração municipal. Ele considera que o traçado proposto acabará desorganizando um sistema que poderia ser melhorado a um custo muito menor.
Segundo o urbanista, o desalinhamento das estações dos ônibus expresso seria muito mais barato e daria melhor resultado. De acordo com ele, apenas R$ 50 milhões seriam suficientes para fazer o desalinhamento, com ganhos expressivos de diminuição de tempo dispendido nos trajetos de ônibus. Na avaliação de Ficinski, o melhor traçado do metrô seria o das atuais linhas circulares (interbairros), e não o das canaletas do expresso.
O engenheiro civil e professor titular do Departamento de Transporte da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eduardo Ratton, é bem direto quando questionado sobre as opiniões de Lerner e Ficinski. “Eles estão errados”, avalia. Ratton afirma que a construção do metrô é necessária e inevitável, mesmo que não seja uma solução definitiva. “É um complemento. Vai ajudar, mas não é uma solução única. Temos que ter outras alternativas”, defende.
Para Ratton, tanto Lerner quanto Ficinski subestimam o tamanho do problema do transporte e do trânsito de Curitiba, pensando em um modelo de cidades europeias que não comportaria mais soluções para uma cidade como a Capital paranaense hoje. “Não podemos ter mais uma cidade europeia. Transporte de superfície para um cidade do tamanho de Curitiba com os problemas que têm hoje não é possível”, afirma, apontando ainda a existência de interesses comerciais na polêmica, já que o instituto Jaime Lerner, comandado pelo ex-governador, recebe royalties pelo modelo de “Ligeirão” e estações tubo.
O professor descarta a alegação de que o metrô vai encarecer a tarifa. “Tem que ser subsidiado. Não temos volume de transporte que pague”, diz, apontando que o sistema hoje vive um círculo vicioso, com a redução de usuários do transporte coletivo, e o conseqüente encarecimento do sistema. “Para distâncias de até sete quilômetros é mais barato o transporte individual do que o coletivo hoje”, aponta.
Ele também rebate o argumento segundo o qual o modelo previsto, de metrô de superfície aproveitando o traçado das canaletas de ônibus já existente não somaria em nada no sistema. “O metrô substitui naquela linha de forma melhor, até porque não tem que parar nos cruzamentos”, lembra.
Ratton, porém, não deixa de fazer críticas ao projeto da prefeitura. Segundo ele, a começar pelo fato do projeto não existir, já que não há detalhes sobre o mesmo, mas apenas “uma ideia”. (IS)
Fonte: Bem Paraná
Lerner avalia que o metrô subterrâneo é uma obra muito cara, demorada e que não resolve o problema. Defende que se invista na melhoria do sistema já existente. Ele lembra que São Paulo, mesmo com quatro linhas de metrô, 84% dos deslocamentos são feitos na superfície, ou seja, de ônibus. Além disso, aponta, o metrô exige um alto gastos com subsídios, já que a tarifa não é suficiente para financiar o sistema, o que retiraria recursos de outras áreas prioritárias, como educação e saúde.
Ficinski, que deixou o comando do Ippuc por não concordar com o projeto, aponta que se for implementado da forma como foi proposto pela prefeitura de Curitiba, o projeto de metrô vai provocar uma elevação drástica no tarifa dos ônibus do transporte coletivo. Segundo ele, cálculos do próprio Ippuc e da Urbs apontam que o preço da passagem de ônibus terá que subir a mais de R$ 3,00, caso prevaleça o traçado e o modelo defendido administração municipal. Ele considera que o traçado proposto acabará desorganizando um sistema que poderia ser melhorado a um custo muito menor.
Segundo o urbanista, o desalinhamento das estações dos ônibus expresso seria muito mais barato e daria melhor resultado. De acordo com ele, apenas R$ 50 milhões seriam suficientes para fazer o desalinhamento, com ganhos expressivos de diminuição de tempo dispendido nos trajetos de ônibus. Na avaliação de Ficinski, o melhor traçado do metrô seria o das atuais linhas circulares (interbairros), e não o das canaletas do expresso.
O engenheiro civil e professor titular do Departamento de Transporte da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eduardo Ratton, é bem direto quando questionado sobre as opiniões de Lerner e Ficinski. “Eles estão errados”, avalia. Ratton afirma que a construção do metrô é necessária e inevitável, mesmo que não seja uma solução definitiva. “É um complemento. Vai ajudar, mas não é uma solução única. Temos que ter outras alternativas”, defende.
Para Ratton, tanto Lerner quanto Ficinski subestimam o tamanho do problema do transporte e do trânsito de Curitiba, pensando em um modelo de cidades europeias que não comportaria mais soluções para uma cidade como a Capital paranaense hoje. “Não podemos ter mais uma cidade europeia. Transporte de superfície para um cidade do tamanho de Curitiba com os problemas que têm hoje não é possível”, afirma, apontando ainda a existência de interesses comerciais na polêmica, já que o instituto Jaime Lerner, comandado pelo ex-governador, recebe royalties pelo modelo de “Ligeirão” e estações tubo.
O professor descarta a alegação de que o metrô vai encarecer a tarifa. “Tem que ser subsidiado. Não temos volume de transporte que pague”, diz, apontando que o sistema hoje vive um círculo vicioso, com a redução de usuários do transporte coletivo, e o conseqüente encarecimento do sistema. “Para distâncias de até sete quilômetros é mais barato o transporte individual do que o coletivo hoje”, aponta.
Ele também rebate o argumento segundo o qual o modelo previsto, de metrô de superfície aproveitando o traçado das canaletas de ônibus já existente não somaria em nada no sistema. “O metrô substitui naquela linha de forma melhor, até porque não tem que parar nos cruzamentos”, lembra.
Ratton, porém, não deixa de fazer críticas ao projeto da prefeitura. Segundo ele, a começar pelo fato do projeto não existir, já que não há detalhes sobre o mesmo, mas apenas “uma ideia”. (IS)
Fonte: Bem Paraná
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