Longa espera no ponto, ônibus cheios, dificuldade para passar a roleta e desconforto na viagem não são exclusividade do transporte coletivo nos limites da capital. Passageiros das cidades da região metropolitana estão submetidos aos mesmos males, embora eles atraiam menos as atenções de planejadores urbanos. Em Contagem, por exemplo, onde moram mais de 600 mil pessoas, o horário de pico é sofrido para os 97,2 mil passageiros que usam diariamente os 292 veículos administrados pela Transcon, autarquia da terceira maior cidade de Minas. O suplício é ainda maior nas linhas de bairros da periferia.
A maratona diária começa já no ponto. Pela falta de um sistema em rede, como o que prevê estações de integração, muitos precisam tomar dois coletivos ou optar por linhas com trajetos mais longos. Faltam abrigos e, com isso, usuários ficam expostos ao sol e à chuva. Nos ônibus, passageiros ficam espremidos, nervosos com o empurra-empurra e estressados depois de tanto tempo de pé.
“A gente só consegue assento se embarcar no ponto final do ônibus. Depois do segundo ponto ele já fica lotado”, afirma a auxiliar administrativo Daniele Meireles, de 19 anos. Ontem, enquanto tentava se equilibrar entre os quase 70 passageiros de um micro-ônibus da linha 302E, a moça lamentava a falta de investimento no transporte. “Isso é estressante, porque já chego cansada ao trabalho. A prefeitura precisa criar mais linhas e aumentar as viagens.”
Um motorista, que pede para não ser identificado, diz que o modelo de micro-ônibus é inadequado. “A gente tem de ficar atento ao trânsito, prestar atenção ao embarque e desembarque e ainda cobrar a passagem. Tudo isso em um ônibus cheio, que não garante boa visibilidade traseira e lateral”, afirma.
“A gente só consegue assento se embarcar no ponto final do ônibus. Depois do segundo ponto ele já fica lotado”, afirma a auxiliar administrativo Daniele Meireles, de 19 anos. Ontem, enquanto tentava se equilibrar entre os quase 70 passageiros de um micro-ônibus da linha 302E, a moça lamentava a falta de investimento no transporte. “Isso é estressante, porque já chego cansada ao trabalho. A prefeitura precisa criar mais linhas e aumentar as viagens.”
Um motorista, que pede para não ser identificado, diz que o modelo de micro-ônibus é inadequado. “A gente tem de ficar atento ao trânsito, prestar atenção ao embarque e desembarque e ainda cobrar a passagem. Tudo isso em um ônibus cheio, que não garante boa visibilidade traseira e lateral”, afirma.
A estudante Thayslane Lemos dos Santos, de 21, que mora em Nova Contagem, gasta quase um quarto do seu dia dentro dos ônibus. Por causa da dificuldade de sair do bairro e chegar ao câmpus da PUC Minas em Betim, ela precisa abrir mão das duas primeiras aulas da manhã. A aluna de medicina veterinária gasta cerca de cinco horas no trajeto de ida e volta e, pela incompatibilidade do quadro de horários das duas linhas que usa, só pôde se matricular a partir das 8h50. “Não posso fazer toda a carga horária, porque não consigo chegar a tempo. Se houvesse um sistema que interligasse o bairro a Betim, passando pelo Bairro Icaivera, gastaria metade do tempo. As autoridades devem entender que há nos bairros distantes muita gente querendo estudar, trabalhar e crescer na vida, pessoas que são prejudicadas pelo transporte ”, reclama. Para ela, a ampliação do metrô até as cidades metropolitanas é uma demanda na Grande BH.
A saturação é reconhecida inclusive pelo coordenador de Transporte Público da Transcon, Geraldo Antônio de Paula: “Temos um modelo antigo, no qual as linhas são longas e demoradas, mas atendem várias partes da cidade. Sabemos que esse sistema precisa ser modernizado”, admite.
Segundo ele, o município investe em soluções de curto prazo, como monitoramento por GPS, capaz de mostrar em tempo real a localização dos veículos. A medida, afirma, permite o cumprimento do quadro de horários e melhora o atendimento. Solução mais eficaz, entretanto, está longe de sair do papel. A prefeitura estuda a construção de estações com intermodais nos bairros Ressaca/Nacional, Petrolândia e Monte Castelo, mas só na próxima gestão.
BETIM Os problemas e incômodo apenas mudam de endereço na Grande BH. As queixas de passageiros se repetem diariamente em Betim. “Todo dia exercitamos a paciência para encarar ônibus cheios e o risco de acidentes. Precisamos de outras opções de transporte”, diz o oficial de manutenção Daniel Quintino Ferreira, de 32, do Bairro Bom Retiro.
Dois sistemas de transporte público são administrados pela Prefeitura de Betim. O convencional e o de baixa capacidade, com micro-ônibus, atendem cerca de 2 milhões de passageiros por mês. Além deles, dezenas de vans e carros clandestinos disputam espaço em rotas internas e para cidades vizinhas.
Ainda distante de uma solução definitiva, a Transbetim, empresa responsável pela administração do transporte municipal, trabalha para combater a ilegalidade, regulamentar o serviço de mototáxi, que hoje atende 0,8% da população, com mais de 100 motos, e estender a linha do metrô até a cidade.
São 130 ônibus e 172 vans para atender os passageiros. Segundo o diretor de Transporte e Trânsito da Transbetim, Artur Abreu, mesmo com o baixo número de veículos em comparação com BH, que tem quase 3 mil ônibus municipais, Betim oferece mais conforto. “Ao contrário de BH, que tem 87% dos passageiros em ônibus, em Betim o índice é de 67% e, portanto, o nível de conforto é maior. A ocupação máxima dos ônibus da capital é de cinco pessoas por metro quadrado. Aqui, são quatro por metro quadrado no ônibus convencional e na nova licitação dos micro-ônibus serão três”, argumentou.
PALAVRA DE ESPECIALISTA
SILVESTRE DE ANDRADE PUTY FILHO, ENGENHEIRO CIVIL, CONSULTOR E MESTRE NA ÁREA DE TRANSPORTES
A saturação é reconhecida inclusive pelo coordenador de Transporte Público da Transcon, Geraldo Antônio de Paula: “Temos um modelo antigo, no qual as linhas são longas e demoradas, mas atendem várias partes da cidade. Sabemos que esse sistema precisa ser modernizado”, admite.
Segundo ele, o município investe em soluções de curto prazo, como monitoramento por GPS, capaz de mostrar em tempo real a localização dos veículos. A medida, afirma, permite o cumprimento do quadro de horários e melhora o atendimento. Solução mais eficaz, entretanto, está longe de sair do papel. A prefeitura estuda a construção de estações com intermodais nos bairros Ressaca/Nacional, Petrolândia e Monte Castelo, mas só na próxima gestão.
BETIM Os problemas e incômodo apenas mudam de endereço na Grande BH. As queixas de passageiros se repetem diariamente em Betim. “Todo dia exercitamos a paciência para encarar ônibus cheios e o risco de acidentes. Precisamos de outras opções de transporte”, diz o oficial de manutenção Daniel Quintino Ferreira, de 32, do Bairro Bom Retiro.
Dois sistemas de transporte público são administrados pela Prefeitura de Betim. O convencional e o de baixa capacidade, com micro-ônibus, atendem cerca de 2 milhões de passageiros por mês. Além deles, dezenas de vans e carros clandestinos disputam espaço em rotas internas e para cidades vizinhas.
Ainda distante de uma solução definitiva, a Transbetim, empresa responsável pela administração do transporte municipal, trabalha para combater a ilegalidade, regulamentar o serviço de mototáxi, que hoje atende 0,8% da população, com mais de 100 motos, e estender a linha do metrô até a cidade.
São 130 ônibus e 172 vans para atender os passageiros. Segundo o diretor de Transporte e Trânsito da Transbetim, Artur Abreu, mesmo com o baixo número de veículos em comparação com BH, que tem quase 3 mil ônibus municipais, Betim oferece mais conforto. “Ao contrário de BH, que tem 87% dos passageiros em ônibus, em Betim o índice é de 67% e, portanto, o nível de conforto é maior. A ocupação máxima dos ônibus da capital é de cinco pessoas por metro quadrado. Aqui, são quatro por metro quadrado no ônibus convencional e na nova licitação dos micro-ônibus serão três”, argumentou.
PALAVRA DE ESPECIALISTA
SILVESTRE DE ANDRADE PUTY FILHO, ENGENHEIRO CIVIL, CONSULTOR E MESTRE NA ÁREA DE TRANSPORTES
Desafio é metropolitano
“Não dá para pensar que só Belo Horizonte enfrenta saturação no transporte público. Contagem é hoje uma cidade grande, com muitos serviços e mais de 600 mil habitantes. Para otimizar os deslocamentos no município e no entorno deve-se esquecer o conceito de linhas e trabalhar com uma rede de transporte, com vários modais interligados por estações e pontos de conexão. É essencial também dar mais eficiência ao que já existe. No transporte coletivo, a saída seria criar faixas ou até pistas exclusivas para os ônibus. Dessa forma, os veículos particulares perdem espaço, mas mais pessoas são atendidas, já que os ônibus transportam 70% das pessoas, enquanto os automóveis de passeio levam apenas 30%. Com maior capacidade, os coletivos poderiam fazer mais viagens com a mesma frota. Por outro lado, os sistemas de BRT (transporte rápido por ônibus) e VLT (veículo leve sobre trilhos) também são ótimas soluções para corredores como as avenidas João César de Oliveira e Cardeal Eugênio Pacelli. Outra saída é o incentivo à criação de vários polos de serviço, para que as pessoas dependam cada vez menos de se dirigir ao Centro da cidade.”
Fonte: Estado de Minas
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