A população de Salvador enfrentou nesta terça-feira (8) o primeiro dia de uma semana de chuva intensa, de acordo com o Climatempo. A reportagem colheu relatos de seis desses soteropolitanos – uma taxista, um arquiteto, um cobrador, um motorista de ônibus e uma empregada doméstica. Apesar de atividades diferenciadas, todos concordam que, quando a chuva cai, o caos formado por pistas alagadas e engarrafamento impera no trânsito da capital baiana.
A taxista Cremilda Rebelo, de 42 anos, saiu em busca da primeira corrida por volta das 5h30. Após concluir o primeiro trajeto, deixou os filhos na escola e seguiu para o Hospital Aristides Maltez, no bairro de Brotas, onde pegou o segundo cliente por volta das 8h30, para ela o momento mais caótico do dia. “Íamos até Piatã, percurso que normalmente faço em meia hora, mais passei duas horas parada na Avenida Lucaia. Cheguei ao destino às 11h”, conta.
"O resultado são coletivos mais cheios e passageiros insatisfeitos, que, muitas vezes, nos culpam pela demora, Orleans Pinto, motorista de ônibus
Para a taxista, na profissão há três anos, dia de chuva forte não é rentável como o de chuva fraca, por conta dos congestionamentos e dos imprevistos aos quais o carro fica exposto. “Quando desci a ladeira da Cruz da Redenção [Brotas], o carro começou a ferver, a esquentar. A vontade que deu foi botar asa no carro. Assim que escureceu fui para casa”, diz.
A empregada doméstica Cacilda Correia de Melo, de 45 anos, conta que toma algumas precauções para reduzir os transtornos nos dias de chuva. "Além do guarda-chuva, costumo andar de casaco e sapato com salto para evitar o contato com a lama”, revela. Ainda assim, nesta terça-feira Cacilda enfrentou dificuldade no percurso que faz do trabalho, no bairro do Itaigara, até sua casa, em Tancredo Neves.
“Estava um engarrafamento horrível. A chuva caiu muito forte e eu não consegui pegar o ônibus. Desisti depois de quase uma hora e tive que pegar dois transportes. Havia muita poça, me molhei toda, tomei um banho de lama! Para completar, tive que comprar outro guarda-chuva porque o meu quebrou”, reclama a doméstica.
Orleans Cerqueira Pinto, de 43 anos, é motorista de ônibus há quatro anos e confirma que em dias chuvosos os coletivos demoram mais para passar nos pontos. “O trânsito fica lento e as pessoas se acumulam nos pontos. O resultado são coletivos mais cheios e passageiros insatisfeitos, que, muitas vezes, nos culpam pela demora”, observa Orleans. O motorista também destaca que a atenção no trânsito tem que ser redobrada.
“Temos que tomar cuidado com as poças de água para não molhar as pessoas, com a pista escorregadia, lembrar de manter uma maior distância dos outros veículos”, enumera. Segundo o motorista, algumas vezes os transtornos do mau tempo refletem em prejuízos também para o profissional. “Há muitos buracos nas vias e não percebemos, o que é um risco, porque se um pneu rasgar é o motorista quem arca com a despesa. Além disso, com esse tempo é difícil cumprir a carga horária certa, por causa do trânsito”, conclui.
O cobrador de ônibus André Evangelista dos Santos, de 32 anos, também se queixa da dificuldade de cumprir com a carga horária quando chove na capital baiana. “Se passar muito do horário a gente tem que ir para a garagem, é o despachante quem determina. Normalmente eu pego 12h10, mas hoje cheguei quase 13h, o colega que eu entro no lugar já estava chateado. E só consegui chegar porque peguei um mototáxi. Tinha muito buraco e muita lama na rua”, avalia.
A situação mais tranquila foi vivenciada pelo arquiteto Márcio Vitor, de 30 anos. Ele confessa que teve sorte. “Faço o trajeto Rio Vermelho, onde moro, até a Barra [local de trabalho]. Saí às 8h e em 20 minutos estava lá. Dei sorte, a orla estava boa naquele momento. Mas meus colegas só chegaram no fim da manhã”, conta.
Informações: G1 BA
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