Obras destinadas a melhorar a mobilidade urbana na capital paulista estão atrasadas e parte delas dificilmente será cumprida até dezembro de 2012, quando termina a gestão do prefeito Gilberto Kassab (ex-DEM, em direção do PSD), aponta Marco Nordi, um dos coordenadores do grupo de trabalho sobre mobilidade urbana da Rede Nossa São Paulo. “Até agora, poucas metas foram cumpridas.”
Em entrevista à Rede Brasil Atual, na semana de mobilidade, capitaneada pela ONG por ocasião do Dia Mundial Sem Carro, em 22 de setembro, Nordi avalia que metas como a implantação de 66 quilômetros de corredores de ônibus, renovação de abrigos de paradas de ônibus, duplicação da estrada M´Boi Mirim e da avenida Roberto Marinho (ambas na zona sul) dificilmente ficarão prontas até o fim do ano que vem.
De acordo com Maurício Broinizi, coodenador da Rede Nossa São Paulo, a prefeitura “patinou” no cumprimento das metas em geral. Das 223 metas estabelecidas pela gestão de Kassab, 40 foram cumpridas. A exigência de apresentação de um plano de metas para a cidade foi aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo em fevereiro de 2008 e entrou em vigor em janeiro de 2009, com a posse de Kassab.
A ausência de investimentos já é sentida na baixa velocidade dos corredores de ônibus. Em horário de pico, os veículos não conseguem andar a mais que 10 km/h, informa o consultor de engenharia de tráfego e transporte, Horácio Figueira. O ideal seria pelo menos 18 km/h. “O congestionamento de automóveis é inevitável e o de ônibus é imperdoável, porque é responsabilidade do poder público”, dispara.
A construção de ciclovias na periferia também está pendente. “São Paulo é terceiro mundo em ciclovias”, relata Nordi. Ele e Broinizi criticaram, na semana passada, propaganda oficial da prefeitura de São Paulo que inclui ciclofaixas de lazer, existentes apenas aos domingos, entre as áreas disponíveis para ciclistas trafegarem em São Paulo. “As pessoas não podem usar a ciclofaixa de lazer de segunda a sábado, porque passam carros no lugar. É uma mentira o que a prefeitura cita”, critica o coordenador da Rede Nossa São Paulo.
Outra promessa sem cumprimento é a construção de 600 quilômetros lineares de calçadas, que foram transformados na meta de 600 quilômetros quadrados. “A prefeitura fez um ajuste esperto”, explica Nordi. Na curta lista do que foi cumprido, o especialista em mobilidade cita a pavimentação de 200 quilômetros de vias.
Sem diálogo
Apesar do empenho dos movimentos sociais que conseguiram aprovar em 2010, na Câmara Municipal de São Paulo, diretrizes para o plano municipal de mobilidade e orçamento de R$ 15 milhões para desenvolvê-lo, a prefeitura ainda não se moveu para dar início ao planejamento. “Nada foi feito para a implantação do plano. Era só chamar profissionais, pesquisadores de universidade, mas não houve resposta da prefeitura e de repente sai um monotrilho da cartola. Com que planejamento?”, questiona.
O Conselho Municipal de Transportes é outra lacuna no setor. “Há um silêncio por parte da prefeitura e não há diálogo com a Secretaria Municipal de Transportes”, descreve. Eleição para o conselho municipal da área ainda continua pendente.
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