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Em Goiânia, Transporte coletivo tem nota 3,5

terça-feira, 2 de agosto de 2011

À ausência de corredores exclusivos, ao excesso de automóveis nas ruas, à queda gradativa da velocidade média das viagens, à superlotação e a todo o desconforto enfrentado pelo usuário, soma-se mais um gargalo do transporte coletivo de Goiânia: fiscalização ineficiente. Há menos de um fiscal escalado por dia, por terminal.

Dos 43 fiscais existentes, a reportagem apurou que apenas 27 estão atuando para cobrir os 19 terminais da região metropolitana. Os demais estão afastados ou em desvio de função. Como o trabalho é feito em sistema de escala, o resultado é menos de um fiscal por dia em cada terminal. Eles são responsáveis pela fiscalização de motoristas e empresas que operam 12 mil viagens por dia.

A realidade do sistema se reflete na insatisfação do usuário: pesquisa Serpes revela que 82% dos goianienses que aceitaram avaliar e dar uma nota reprovam o transporte coletivo, com notas de 5 para baixo. Dos abordados, 46% não opinaram e 54% deram notas ao sistema. Os dados são da pesquisa, que apurou a opinião sobre o serviço em 21 bairros de todas as regiões da capital. Numa escala de 1 a 10, a média ficou em 3,5. Apenas 18% dos que avaliaram concederam nota superior a 6 e 1% deu nota 10.

O levantamento foi realizado entre os dias 12 e 20 de julho, período que compreende as datas das mortes do garoto Gabriel Henrique da Costa, de 7 anos, e da diarista Maria Zulmira Gerolineto, 57 anos, atropelados em terminais de Goiânia ( Leia detalhes da pesquisa em reportagem nesta página ).

As mortes de Gabriel e de Maria Zulmira levaram a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) a divulgar que 43 fiscais estariam em atividade. E os dirigentes do órgão - controlado por indicados do governo estadual e das prefeituras de Goiânia e de Aparecida - foram unânimes em afirmar que os acidentes não tiveram relação com a fiscalização, que esta seria "eficiente". Mas fiscais ouvidos pela reportagem revelam ser apenas 27 os profissionais responsáveis por todos os terminais da região metropolitana.

Eles trabalham em duas escalas: das 6 horas ao meio-dia e das 13 horas às 19 horas. Ou seja, entre meio-dia e uma da tarde, e após as 19 horas, não há fiscalização nos terminais. "Dá para saber o número de fiscais de acordo com a Ordem de Serviço, que é distribuída por semana. Da semana passada para essa (a ordem) subiu 27 números. Um exemplo, 30/2011 para 57/2011. Então atualmente existem 27 fiscais e desses alguns estão de atestado (médico)", disse um fiscal, em e-mail enviado à reportagem. A denúncia também diz que terminais ficam desassistidos de fiscalização inclusive em horários de pico.

Em conversa por telefone, outro fiscal confirmou o número e disse que acompanhou o treinamento da última turma de concursados, convocados em 13 de maio de 2011. "Colocaram um coordenador para ficar com os novatos. Em duas semanas, ele passou o que lembrou de passar e já colocou o pessoal sozinho nos terminais", disse, ressaltando: "Não existe programa de treinamento".



Fonte: O Popular

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