Apesar de as ruas de Los Angeles estarem rotineiramente congestionadas com carros buzinando na parte da manhã, há também um grupo de pessoas quase invisível – os milhões de usuários do transporte público, na maioria pobres – que depende dos ônibus da cidade.
Mas o futuro desse sistema não está claro. Enquanto as autoridades locais empurram o transporte público como o caminho para um futuro mais sustentável, a Autoridade de Transporte Metropolitano do Condado de Los Angeles anunciou que irá cortar dezenas de linhas de ônibus e encurtar percursos para economizar dinheiro que diz que seria melhor gasto em outro lugar.
Assim, a linha 305, que vai de Watts, no sudeste da cidade, a Westwood, no noroeste, será em breve substituída por um sistema centralizado que as autoridades dizem ser mais eficiente, com trens e outras rotas de ônibus.
Essa é a única rota direta que liga os bairros mais empobrecidos da cidade a regiões mais ricas, onde legiões de porteiros, babás e empregadas domésticas trabalham diariamente. Para as dezenas de pessoas que usam o ônibus todas as manhãs, a perspectiva pode parecer assustadora.
"Alterar as linhas significa que eu nunca sei quantas horas levarei de um lugar para outro", disse Guadalupe Lopez, que usa a mesma rota há mais de uma década para chegar ao seu trabalho como faxineira. "Pode chegar ao ponto em que não vale a pena, pois vai levar muito tempo. Mas ninguém onde moro vai me pagar para limpar casas".
Supervisão
Durante anos, o governo federal supervisionou o sistema de trânsito, seguindo um processo de direitos civis dizendo que a autoridade de transporte não tinha feito o suficiente para manter suas tarifas baixas ou impedir a superlotação. Mas essa supervisão expirou em 2006, e um grupo de defesa, o Sindicato dos Usuários de Ônibus, entrou com uma ação que desencadeou uma investigação.
As autoridades de trânsito dizem que estão tentando usar novas linhas ferroviárias para transformar o sistema desconexo da região em uma grade de transporte – um objetivo dificultado pelo fato de que Los Angeles não foi construída com precisão geométrica e que a área de serviço se espalha por cerca de 4 mil km².
Mas o Sindicato dos Usuários de Ônibus reclama que o órgão responsável pelo trânsito continua a tratar as linhas de ônibus como um "sistema separado e desigual". "As pessoas vão pagar mais por menos serviço", disse Esperanza Martinez, uma organizadora do sindicato. "Em nome da eficiência, eles retrocederão para onde estávamos anos atrás”.
Por Jennifer Medina - Ultimo Segundo
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