Atendendo a solicitação de paralisação por 24 horas promovida pelo Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro (Sintraturb-Rio), grande parte de motoristas e cobradores da cidade cruzaram os braços á zero hora desta terça-feira. Porém, a Justiça não atesta a legalidade da paralisação. Durante a madrugada uma oficial de justiça esteve na Central do Brasil, onde sindicalistas tentavam convencer os rodoviários que ainda rodavam a parar, e entregou um parecer de uma juíza do trabalho que julgava a paralisação ilegal.
As principais reividicações do Sintraturb são o aumento salarial e o fim da categoria Júnior. De acordo com o ativista Sebastião Neto, que com outros membros do Sindicato estendiam faixas na Central do Brasil com os dizeres:" estamos em greve", atualmente um cobrador recebe R$689 por mês, enquanto o salário do motorista é de R$1.337. O pedido é que os salários aumentem para R$995 e R$1.731, respectivamente.
Segundo Neto, a criação da categoria Júnior - motoristas de microônibus que também exercem a função de cobrador - fez com que cerca de 3.600 funcionários fossem demitidos. Esse tipo de profissional recebe o salário de R$ 880, conforme informou o Sindicato.
- Queremos acabar com o motorista júnior, pois é acumulo de função e o profissional recebe menos. Com a criação dessa categoria aproximadamente 3.600 pessoas foram demitidas e queremos que esses empregos sejam recuperados - disse Neto.
Sem saber da paralisação, o entregador Aldo Batista da Silva, de 32 anos, chegou na Central ás 23h30m. Vindo da Urca, onde trabalha, ele pretendia ir para casa, em Cavalcanti, na Zona Norte. Por volta de 1h30m, após duas horas de espera, o coletivo que ele pega, sem ter que esperar mais do que dez minutos normalmente, ainda não tinha passado.
- Não sabia dessa greve. Vou ter que esperar o ônibus passar porque não tenho outro meio para ir embora. Eu costuma chegar em casa, no máximo, meia-noite e meia. Essa hora eu já estaria dormindo - contou o entregar, sem ter noção do horário que conseguiria descansar.
Além da falta de ônibus os usuários tiveram que enfrentar a lotação. Assim que um coletivo parava no ponto várias pessoas tentavam embarcar e começava o empurra-empurra. Os ônibus saíam do ponto já cheios. Para evitar esse tipo transtorno, o garçom Valdir Vasconcelos, que trabalha na Barra e esperou 40 minutos para conseguir um ônibus que o deixasse na Central do Brasil, preferiu dividir a corrida de um táxi com dois amigos até Bonsucesso, onde moram:
- Tem menos ônibus hoje. Fiquei 40 minutos esperando na Barra para conseguir um ônibus para cá (Central). Não vou ficar esperando mais - afirmou o garçon.
O Sindicato que convocou a paralisação é uma dissidência do Sindicato dos Rodoviários, que ainda não é reconhecido pelo Ministério do Trabalho, por isso o protesto foi considerado ilegal. De acordo com os próprios sindicalistas do Sintraturb, apesar de alegarem que estão prestes a conseguir, a organização ainda não possui a carta sindical expedida pelo Ministro do Trabalho, que legitima o sindicato.
Fonte: O Globo
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